Te Prometo Anarquía

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Na tela, ainda embriagados pelo ócio, “nos tornamos aquilo que éramos antes, um pedaço de carne, uma promessa bêbada, os tênis esburacados do colégio, o tecido roto do primeiro sutiã, o primeiro pelo encrustado no sabonete. Somos a pele indo e vindo, subindo e descendo, lembrando e esquecendo e assim crescemos, galopando pelas camas, destruindo auroras, tão sozinhos e incertos quanto o tempo que devora nossos ossos. Somos uma geração de pessoas doentes, cheias de alegria, às vezes com ódio, às vezes mirando os céus, à espera de um raio de sucesso”, por esse Deus, que não virá, jamais virá, por que assim vive o caos e, sim, TE PROMETO ANARQUIA!

Então, eis o inferno e suas marimbas, que nos inunda de vermelho e sexo, de som e urbe, ali no México, pelas praças, pelo metrô, pela vertigem dos enquadramentos, as sensações, as cores, o cimento. Por essa “love story” de skatistas, amigos, amantes. A cidade ao fundo, como cenário, personagem ou livre trânsito, enquanto os protagonistas dão o sangue – e literalmente – por sua juventude, para depois fumá-la em odisseia e poesia. Por esse futuro que não existe, apenas as tardes de skate e bebida, ao Sol, aos beijos, aos amores que consomem e destroem. Essa é a geração deste século, o monstro que Júlio Hernández Cordón filma.

E com ele, embarcamos no caminhão, vampirizados pela noite, por esse cinema dito noir, misto de ficção e realidade, atores e não atores, enquanto o suspense avança com seus skates, por essa projeção, pelas veias de concreto e que pulsa, se inala e se goza nos travesseiros. E ao final, nada resta senão a anarquia de uma vida perdida, à esmo, sem roteiro, patinando para lá e para cá, como esse filme, tão inocente e tão impotente.

RATING: 64/100

TRAILER

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FILMES · TIFF · LOCARNO · SAN SEBASTIAN · RIO · FILMES LGBT

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