Indiana Jones e a Relíquia do Destino


Alerta de review passional, de um garoto que cresceu vendo cérebro de macaco, sopa de olho e armadilha de bola gigante: INDIANA JONES E A RODA DO DESTINO é um (re)encontro com a nostalgia, àquela magia inocente da grande aventura, lugares mitológicos, relíquias inimagináveis, os esplendores da selva, deserto, oceano, ruínas que tanto se lia e imaginava nos gibis, mas agora se perdeu, se foi, ficou nos anos 80. Naturalmente, tal como se fazia, é um cinema que ficou no passado, logo toda a História foi remodelada, atualizada nesse esforço de recriar (alg)um sentimento em tom de videogame: a experiencia aqui é um frenesi, um balé caótico de perseguições, tiroteios, tuk-tuks, aviões, galês romanas e trens ensandecidos, pausa para revisitar personagens queridos e novamente corre corre em CGI. Funciona? Obviamente que sim, é um genuíno cinema pipoca, um produto que o público clama, efeitos visuais espetaculares, roteiro enlatadinho e a saudade de rever os anteriores, tudo de novo.

É afinal, outra tentativa de reviver uma franquia, passar o bastão de Steven Spielberg para James Mangold, de Harrison Ford para… Phoebe Waller-Bridge? Um episódio infinitamente melhor que o anterior – a caveira de cristal – porque esse realmente emula a aventura do passado, mesmo nessa época de tela verde. O orçamento, sem dúvida, foi gasto na abertura suntuosa, no rejuvenescer do personagem, esse brincar com o tempo (literalmente), ainda que nada supere as cenas iniciais, como se o personagem perdesse o fôlego, o dinheiro da Disney idem, uma surpresa guardada tão somente para a cena final – final feliz – e close nas lágrimas de Harrison Ford, 81 anos, e provavelmente seu último filme, porque definitivamente é um adeus ao Indiana Jones, isso enfatizado em cada cena, um tom onipresente de epilogo que, aliás, lembra LOGAN, o mesmo adeus de Hugh Jackman ao Wolverine feito justamente pelo mesmo diretor.

E o tempo, você sente na tela: depois de um prólogo inteiro dedicado à Segunda Guerra, a ação, afinal se passa em 1969. Aqui, Indiana tenta superar um doloroso divórcio, a perda do filho, talvez a aposentadoria, enquanto os vizinhos ouvem Beatles e o país celebra a era espacial. Então, o velho truque de sempre, uma premissa de aventura semelhante ao “templo da perdição”. O misterioso artefato da vez é a Anticítera, a tal roda do destino do título. Phoebe Waller-Bridge completa o protagonismo, uma afilhada, senão o contraponto. O vilão é um cientista alemão, nazista convicto personificado pelo camaleônico Mads Mikkelsen. Descrever o enredo em si, as peripécias desses personagens pelo Tânger, Grécia, Sicília, só estragaria o prazer da descoberta, nada extraordinário vale dizer, mas o que nos encanta mesmo é Harrison Ford, mesmo na velhice – ou especialmente na velhice – ele arrancará risadas e lágrimas do público. Um déjà vu nostálgico.

RATING: 71/100

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FILMES · CANNES

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