Minari

Por Eduardo Benesi

Me comove o quanto MINARI é muito sobre o singelo em estado lapidado. Há uma fragrância amistosa em sua fotografia solene. Trata-se de um filme que pretende pouco enquanto seus personagens pretendem mais. Sua força formidável grita em suas duas pontas etárias, o menino e a avó.

Momento sublime: O menino corre quase faltando coração enquanto a avó foge devagar, as idades se alcançam em um momento que fica aqui guardado como um quadro genuíno e bucólico, um quadro me comovendo ou vendo como uma lente intermediária entre a imagem de Terrence Malick e um certo jeito de olhar que só Jonas Mekas. A trilha de Emilie Mosseri é de um lirismo de janela aberta e ao mesmo tempo choro por nada.

No Oscar 2021 estará o filme que ganhou aquele Globo de Ouro com cheiro de xenofobia, deslocado de sua categoria de direito. Um não-coreano ou um americano bastardo? Eis o filme que talvez vingue o também bonito, porém esnobado, A DESPEDIDA. O filme que faz da triagem de seus pequenos momentos, o núcleo que importa e nunca o abandona. Cultiva uma tragédia discreta, que consegue inclusive ser etérea. Para universalizar a sua metáfora, MINARI encontra a sua raridade enquanto fala de imigração, raízes, sonho americano, uma lágrima que seca no Sol.

Uma pequena chance de você reencontrar a poesia do pouco e apenas ficar bem.

RATING: N/T

TRAILER

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REVIEW · SUNDANCE

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