A Academia Brasileira de Cinema repetiu a fórmula escolhida pelo governo brasileiro e preteriu o favorito TROPA DE ELITE para dar vez a O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS, eleito o melhor filme no Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro, o “Oscar” do cinema brasileiro.
Com poucos filmes concorrentes e muitas categorias, a sexta edição do Grande Prêmio, que aconteceu na noite dessa terça-feira (15) no Vivo Rio, no Aterro do Flamengo, no Rio, homenageou Renato Aragão e Grande Otelo e teve uma platéia calcada em nomes da “velha guarda” do cinema, da TV e da mídia, como Laura Cardoso, Hugo Carvana, Daniel Filho, Sérgio Cabral (pai), Domingos de Oliveira, Flávio Migliaccio e Luiz Carlos Barreto.
Apesar da exigência do traje de gala, trazida no convite, viu-se muitos tênis, sobretudo os All Star, e camisetas nos convidados da cerimônia, que foi apresentada em exatas duas horas pelos atores Drica Moraes e Vladimir Brichta e teve como tema o tempo.
Este ano, pela primeira vez em seis edições, o prêmio, para o qual concorreram filmes produzidos entre julho de 2006 e dezembro de 2007, abriu três categorias escolhidas pelo público: Melhor Filme para Celular, melhor Filme Estrangeiro e Melhor Filme, vencido por TROPA DE ELITE. Nas outras categorias, os vencedores são escolhidos pelos sócios da Academia Brasileira de Cinema, criada em 2002.
É justo esse caráter mais popular que deixou TROPA DE ELITE de fora do prêmio principal, na avaliação de diretores e produtores de “Tropa” e “Ano”, que negaram, contudo, haver qualquer mal-estar entre as duas produções.
“O Ano é um filme bem de cinema. TROPA DE ELITE é mais popular, embora tenha cativado parte da intelectualidade. Mas o ‘Ano’ é um filme sensacional e é muito justo”, disse o produtor de TROPA DE ELITE, Marcos Prado.
O diretor do “Ano”, Cao Hamburguer, também foi na linha amistosa. “Acho que a gente não desbancou ninguém. Qualquer um dos indicados que ganhasse representaria bem essa safra do cinema brasileiro do último ano e meio. O prêmio é uma mera desculpa para estarmos juntos, para fortalecer o cinema brasileiro”.
O ator Wagner Moura foi o primeiro a botar panos quentes. “Não tem essa de competição. Prêmio é assim mesmo. E não é uma surpresa o O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS ter ganho. É um filme sensacional, foi merecido”, disse.
O presidente da Academia Brasileira de Cinema, Roberto Farias, disse achar que a discussão sobre os dois filmes faz parte do hábito brasileiro de ser mais rígido com o cinema nacional. “Nós somos severos com o cinema brasileiro. Se um filme não faz sucesso, a gente cobra. Se faz, a gente cobra também, como foi o caso do TROPA DE ELITE, declarou.
Apesar de não ganhar o melhor filme, TROPA DE ELITE levou nove prêmios da Academia Brasileira de Cinema. “O Ano…” ficou com três.
Melhor Filme
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS | Cao Hamburger
Melhor Documentário
SANTIAGO | José Moreira Salles
Melhor Diretor
José Padilha | TROPA DE ELITE
Melhor Ator
Wagner Moura | TROPA DE ELITE
Melhor Atriz
Hermila Guedes | O CÉU DE SUELY
Melhor Ator Coadjuvante
Milhem Cortaz | TROPA DE ELITE
Melhor Atriz Coadjuvante
Silvia Lourenço | O CHEIRO DO RALO
Melhor Roteiro Original
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS
Melhor Roteiro Adaptado
O CHEIRO DO RALO
Melhor Filme Estrangeiro
PEQUENA MISS SUNSHINE | EUA
Melhor Filme de Animação
WOOD & STOCK: SEXO, AMOR E OREGÁNO | Otto Guerra
Melhor Direção de Arte
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS
Melhor Fotografia
TROPA DE ELITE
Melhor Edição (Ficção)
TROPA DE ELITE
Melhor Edição (Documentário)
SANTIAGO
Melhor Figurino
ZUZU ANGEL
Melhor Maquiagem
TROPA DE ELITE
Melhor Trilha Musical
CARTOLA
Melhor Mixagem de Som
TROPA DE ELITE
Melhor Efeitos Visuais
TROPA DE ELITE
Melhor Curta-Metragem
BEIJO DE SAL | Fellipe Barbosa
Melhor Animação em Curta-Metragem
VIDA MARIA | Márcio Ramos
Melhor Documentário em Curta-Metragem
A CIDADE E O POETA | Luelane Correia
Por Luisa Belchior – Folha de São Paulo