O Rio Sem Fim


O começo sugere algo promissor: Um tema hollywoodiano ao fundo, títulos e créditos com ares de outra década, algo dos anos 40, 50, belíssimos planos, ruas desoladas, paisagens selvagens. Esse é o prenúncio de algUM LUGAR AO SOL, ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE ou À SANGUE FRIO: Um homem, uma mulher, ambos diante de um crime eminente, vivendo a dicotomia entre a inocência e a culpa. Ele, um estrangeiro, outrora orgulhoso da família e essa África pós-apartheid que o acolheu, mas agora em desespero feroz pelo o mesmo país tão violento e hostil. Ela, tão pura e inocente, uma garçonete temente a Deus, paciente e leal, às voltas com um homem que não a merece. Talvez um assassino, ninguém sabe.

E ambos gravitando em direção ao outro, diante dessa cidade, de Endless River e suas tensões raciais, a pobreza, a violência, tantas injustiças. O cenário ideal para dois mundos em colisão, Gilles e Tiny, tão desconexos um do outro, seja pela raça, nacionalidade ou classe social, mas juntos de alguma forma, porque assim o roteiro decide.

Desse ponto em diante, a história, como o título, segue sem fim. Interminável em sua tristeza, no lento desejo de vingança, no melodrama obscuro, nessa raiva latente sem qualquer perdão. Senão duas pessoas perdidas em sua desgraça e solidão, os dois no limite, sem rumo (o filme idem). Todos em busca de alívio, de um novo destino (o diretor idem), os três em busca um do outro, do público que se foi, saiu em debandada, em última análise, nessa (inútil) luta entre vítima e agressor, achados e perdidos. Não importa. Fica em aberto.

RATING: 45/100

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REVIEW · TIFF · VENEZA · MOSTRA SP

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