Por Eduardo Benesi
Não basta ser Wes Anderson, é preciso trazer uma surra de estrelas e a sua panelinha de sempre. Começando pela produção de elenco dA CRÔNICA FRANCESA: nunca vi tantas beldades juntas topando aparições merrecas para portarem tal grife no currículo (e quem não toparia?). É interessante que, em sua obra, o pacto é comum a todos, o elenco adere a interpretações farsescas, todos operam gestualmente a partir de uma teatralidade estilizada. Fazer esse tipo de cinema é em alguma instância uma obediência coreográfica.
O longa é de um requinte impar em várias instâncias. A ironia é fina e tudo ali é sublinhado por todos os TOCs histriônicos e cartesianos de costume, mas às vezes tudo fica chato de tão legal. Me refiro ao conjunto de ornamentos que concorrem pelo nosso foco, o rebuliço sensorial que as lindas afetações estéticas causam em contraste com o conteúdo em si. Confesso que acompanhar e processar esse ritmo é absolutamente dificultoso com a narração rápida e mais ainda com uma tentativa do cineasta em mirar no hermetismo e acertar na superficialidade.
Fica evidente que Wes Anderson quer como nunca a sua estatueta em 2022 e com certeza concebeu o seu longa mais Oscarbait até hoje e ao mesmo tempo o mais engessado na tentativa de encobrir historinhas de jornal meio agridoces, meio eu nem ri. Mesmo tendo gostado muito, fica na boca um gosto que não é bem um gosto, mas sim uma pergunta: o que sobra quando um produto vende a alma para a estética e só?
RATING: N/T
TRAILER