Bom Comportamento


Pela euforia, a adrenalina, o frenesi, o cenário Indie já sabia, HEAVEN KNOWS WHAT e, agora, o mundo já sabe: É, senão, um cinema de rua, autoral, que transita entre a ficção e a realidade, a tristeza e a felicidade, os amores e as drogas, sem drama, sem romance. É GOOD TIME, ação fortuita, um filme de gênero, câmera na mão, trilha eletrônica, fotografia celestial. São os irmãos Safdie perseguindo o bandido, Robert Pattinson, ele próprio incapaz de fugir. E o fazendo, como sempre, de forma singular, transgressora, extremamente autêntica. Que nos remete ao passado, à AGARRA-ME SE PUDERES, PRENDA-ME SE FOR CAPAZ, mas também ao futuro, ao cinema cult. E por que não?

Em resumo, o filme é um assalto que deu errado e donde Robert Pattinson consegue escapar, mas seu irmão, Benny Safdie, não. Há uma fiança, no entanto. E tudo se resume em como obtê-la. Quase duas horas de ação pela noite, de CORRA LOLA CORRA, de MA´ROSA e DEMÔNIO DE NEON. E isso pelos guetos de Nova York, toda a sua galeria cativante de bandidos, marginais, sociopatas e viciados. E, com eles, o tumulto que provem de tal liberdade, dessa “ópera de rua”, que surge clandestina e poeticamente a cada dia, hora e minuto dos nova-iorquinos.

O próprio filme nos toma de assalto, no som e na fúria, no conto frenético de esforços para escapar do sistema. E pela urgência, nesse ritmo desesperado, como viciados em busca de sua próxima dose, como um spray de pimenta inevitável e imprevisível, vemos Pattinson surgir, brutal, visceral, niilista. Como algum anti-herói dos anos 70, o ator se atira às câmeras, ao arame farpado, sempre pronto ao diálogo áspero, a convulsão cinematográfica, essa jornada alucinada que se irradia pela projeção e explode aos olhos no mais rude e degenerado. E que se torna mais intenso pela trilha de rock progressivo, os planos de estímulo-resposta, a fotografia em neon, toda a energia que pontua esse cinema e sua odisseia de emboscadas. E não acaba aqui. Porque ele tem um irmão, e precisa salvá-lo. Custe o que custar.

RATING: 76/100

TRAILER

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FILMES · CANNES · LOCARNO · RIO

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