Free Fire


Um flerte ao cinema de ação desenfreado, visceral, no seu estilo mais pipoca e popular. Um filme extremamente dinâmico e cinético, a montagem muita rápida, ágil, um pouco do que se viu em MEU ÓDIO SERÁ SUA HERANÇA, TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA e PAT GARRETT & BILLY THE KID, e também nos jornais diários, nos inúmeros acertos de contas e seu “fogo gratuito”. E tudo no limite do entretenimento, ali, em Massachussetts, nos anos 70, num enorme galpão abandonado, o público, os atores, os brutamontes, o tiroteio insano, os irlandeses, a máfia. Um faroeste no armazém, enorme, meio demolido, cheio de pilares, escombros e velhas divisórias, muito lixo, entulho, peças de máquinas e vidro quebrado… esse é o cenário para o caos, a confusão, senão o filme.

Dessa maldição, os nervos à flor da pele, de uma rixa que se torna briga, de uma briga que se torna em bang-bang, muitos insultos e ânimos exaltados, a situação fora de controle e tudo o mais, Ben Wheatley filma diversos temas nesse caleidoscópio de personagens, cada vida reduzida numa única ação, muito pequena, segundos, tolices, um tiro. E desse instante, donde se pensava quem era um herói e agora um covarde. Donde se pensava quem era agradável e, na verdade, um tolo. Ali, num suspiro, na escada, ou no telefone, o peso do mundo está enforcado em micro decisões, de ações e reações, de instintos e punições. Sim, o tiroteio é livre e atinge cada personagem. Não há fuga. Nenhuma escapatória. Estão confinados. No limite. Presos também nos anos 70, em homenagem aos grandes filmes daquela época, no ambiente sócio-político, e também ao suspense e na tecnologia do período, sem celulares ou subterfúgios, apenas uma pistola e o momento.

O resultado é uma grande mise en scène, dentre ação e atores, mocinhos e bandidos, aventura e diversão. Os atores se rastejando na bagunça, sem efeitos, CGI ou qualquer bugiganga digital. Um filme analógico, extremamente realista, câmera na mão, em chicote, em tumulto, corte, tiro, corte. Explosão. Wow! Enquanto ao fundo, a trilha se encarrega do rock´n´roll e o diretor dos nossos nervos. É o suficiente.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela FILM4, incluindo a entrevista com o diretor e notas de produção
RATING: N/T

TRAILER

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TIFF · PREVIEW

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