VOCÊ SE LEMBRA DE DOLLY BELL? E de Emir Kusturica? Desse cineasta, cuja arte se perdeu na década de 80, meio UNDERGROUND, meio surrealista. Dessa VIDA CIGANA que dialoga com a pureza da linguagem o qual tão metodicamente filma. Quem se lembra? Então, era uma vez, QUANDO PAPAI SAIU EM VIAGEM DE NEGÓCIOS e um cineasta resolveu voltar ao Lido, 35 anos depois de seu Leão (de Ouro) e, ali, para nos contar a história de um leiteiro e sua noiva (em fuga), ao lado de gansos, galinhas, falcões, cobras e até um urso, isso para tentar outro leão, entre as estrelas, fora do mundo, na via láctea, ou ON THE MILKY ROAD, não importa, porque ele voltou para nos emocionar com esse conto de fadas, moderno, intenso, impossível. Isso na guerra. Na ex-Iugoslávia.
Na tela, o próprio cineasta e Monica Bellucci, um homem e uma mulher que se apaixonam contra todos e contra o mundo. Que fogem, que dançam e que cantam, inebriados de amor enquanto o público se embriaga com tal “carpem diem”. Os personagens tão iluminados, tão apaixonados, sua história contada como outrora contavam os trovadores, ao redor da fogueira, na balada de funerais e casamentos, enquanto ao fundo se desenha outras histórias, a dos Balcãs, de um passado, do futuro, tantos mistérios. Desse paraíso aparente, Monica e Emir fogem da realidade, além do horror, da carnificina, das balas, dos povos, rumo ao mais sincero, ao mais puro e intenso. Ame ou deixe, em todos os sentidos, um flerte ao que foi Dolly Bell lá em 1981, àquela paixão adolescente de um cineasta na aurora de sua carreira e, agora, a história de um sonhador, sim, 35 anos depois daquela estreia. E porque não?
(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Wild Bunch, incluindo press conference do diretor e notas de produção
RATING: N/T
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