A Festa


Welcome to THE PARTY: A festa, o Partido, o filme que flutua entre a comédia e a tragédia, que começa com uma celebração e termina com sangue no chão. Um encontro entre amigos e princípios, personagens e ideias, vários atores e seus diálogos instigantes, Cillian Murphy (“Verdade é um conceito que qualquer um já ouviu”), Patricia Clarkson (“Posso não acreditar na democracia, mas acredito em você”), Emily Mortimer (“Gostaria de desabafar…”), Kristin Scott Thomas (“Eu tenho trabalhado dia e noite para o Partido, nosso Partido”), Timothy Spall (“Eu tenho um anuncio!”), Cherry Jones (“Os homens não são inimigos”) e Bruno Ganz (“Isto não é uma situação muito boa”), todos nessa celebração que vai violentamente dar errado em um espaço muito curto de tempo. E sob extrema pressão, em um ambiente confinado – donde qualquer santuário pode rapidamente se tornar uma prisão – todos os segredos virão à tona. Para nosso deleite.

E é nesse abismo que Sally Potter escreveu e filmou seu teatro: Um convite ao riso, à faca, ao testemunho desse grupo falhando copiosamente em manter a compostura, a moralidade, a linha que a política, infelizmente, ignora. E através de um olhar bastante inquisitivo, numa projeção no osso, encurralada no tempo e no espaço, em preto e branco, sem efeitos ou firulas. Apenas o texto, os personagens e seu elenco afiado. Nada mais a esconder, donde se esconder, porque tudo, aqui, é exposto, num cinema que brinca com a história e o caráter, a luz e a escuridão, as vozes e a música. A câmera se esgueirando pelas sombras e, com firmeza, sondando cada personagem. Ali, em close up, seus rostos e suas crises. As máscaras caindo. A verdade surgindo…

E sob os holofotes, grandes atores em seu oficio: A mise-en-scène a bailar pelo salão, pelo discurso, cada um em seu momento e perante tantos olhares, entrelinhas, amores, amizades, convicções e políticas. Todos em suspensão, em cena, na arena, nessa “festa”, aos leões, se digladiando sob escudos tão cultos e liberais, diante de pessoas que não hesitarão um segundo sequer em lhes apunhalar pelas costas. E literalmente.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Great Point Media, incluso notas de produção e entrevista com a diretora
RATING: 70/100

TRAILER

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FILMES · BERLIM · RIO

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