The Last Face

Eis o mundo segundo Sean Penn: O triste retrato da miséria, da corrupção, da inocência – pausa, risos – na Libéria, no Sudão, entre um homem e uma mulher. De Charlize Theron, de Javier Bardem, ambos na sinfonia do caos, no magnífico discurso pelos pobres, o massacre, a contemplação, as criancinhas, os populares. Sim, é muito triste e extremamente melancólico ver esse mundo tão belo ser povoado, habitado e guerreado. Cada frame é um poema, uma barbárie cheia de música e de miséria, de som e fúria. Cada cena é um panfleto. Um apelo. A sinfonia a sublinhar cada momento e cada momento tão cheio de música. A câmera em busca da verdade, mas essa sempre a lhe adornar, em busca de (alguma) luz, das criancinhas perdidas. Por favor, salvem as criancinhas, mas tudo é uma ilusão. A atrocidade declamada em câmera lenta. O êxodo de pessoas. Os cânticos, as lamúrias. Outra criancinha ali, por favor filmem essa criancinha, olhem como ela está perdida, vejam seu cachorrinho triste, seu olhar morto. Está sofrendo coitada, todos sofrem. Uma orquestração empapada de sangue de inocentes, de culpados, de rebeldes. O ar empesteado de moscas. O público, já constrangido, pensa no que vai jantar, na lista do supermercado, nas contas do dia a dia. Alguns dormem, outros tossem. Um mais ansioso olha o relógio. Calma meu senhor… só se passaram 5 minutos de projeção. Veja lá: outra criancinha. É muito triste.

Parecia ser um JARDINEIRO FIEL pte2: O cenário era a África. Os tempos são de revolução civil e política. Os protagonistas são, de um lado, Charlize, a diretora de uma agência humanitária e, do outro, Javier, um médico voluntário. E ambos NA NATUREZA SELVAGEM, nesse mundo selvagem, tomando “decisões éticas difíceis” em relação às suas atividades no continente. E, sim, pretendia ser um thriller conspiratório de gato e rato no melhor estilo “John le Carré” ou, então, algo no tom de BEASTS OF NO NATION ou A FEITICEIRA DE GUERRA. Mas não foi. É apenas o horror! O Horror! Sim, a guerra segundo Sean Penn é nada mais do que a visão de Amélie Poulain.

RATING: 14/100

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REVIEW · CANNES

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