Eis o retrato da eternidade: De Shin Kubota e seu estudo laborioso sobre a água-viva imortal, rapidamente percebemos o ponto de partida de SPIRA MIRABILIS, o filme de Massimo D’anolfi & Martina Parenti, um homem lutando com todas as suas limitações e aspirações, diante do infinito, de sua própria existência, das revoluções orbitais que governam o mundo, ali, diante do microscópio, para observar esse pequeno ser, uma medusa mergulhada na inexistência, no invisível, no imaginário.
E dessa investigação científica que nos dá imagem do documento e da poesia que regem o universo, diante da beleza extraordinária donde o tão pequeno se torna grande, universal em um detalhe, normalmente escondido, mas eterno através do caminho da acumulação, da sugestão, da assonância, percebemos o quanto a água (viva?) une os outros elementos da natureza: a terra, o ar, o fogo e o éter. Desse ponto, uma curva plana gira, se afastando em outras histórias e hipóteses, naturais ou combinadas para refletir (ou admirar): Do particular ao geral, do cómico ao trágico, do indivíduo à comunidade e vice-versa.
Milão, Berna, Wounded Knee ou Shirahama… O mapa geográfico se desenrola em progressão geométrica, a narrativa combina o pensamento racional com o emocional e cria um afresco que conta o melhor de nós, sem dizer quaisquer palavras. E dessa abstração que respira fraqueza e força; Da responsabilidade do homem perante o mundo em que nascem, crescem, vivem e dos quais são hóspedes ou simplesmente passageiros; Dessa contemplação filosófica é que os cineastas nos propõem esse filme-filosofia que vive todos os dias, na ressonância do tempo e do espaço e, sim, de maneira irreversível porque atordoa os sentidos em sua sinfonia visual, espiral, logarítmica, panteísta, diria inesquecível, na busca do que é belo e essencial.
(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pelo Studio Punto e Virgola, incluindo as notas dos diretores
RATING: N/T
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