Por Eduardo Benesi
Tipo de obra que muito me atrai é aquela que me desafia enquanto conceito, que me exige um repertório de sinônimos para cercar alguma definição. Fosse eu, um hater do filmow, diria que essa colagem de esquetes nada mais é do que uma colagem de esquetes. É apostando nessa estrutura que SUMMERTIME encontra seu epicentro criativo em Los Angeles: 27 poetas ensaiam situações dramatúrgicas e respondem a algum conflito que evoque engajamentos identitários.
Resgatar o sumido formato multiplot para qualificar a intenção do longa pode talvez prejudicar seu êxito. Mesmo perseguindo um acabamento convincente através do encontro de narrativas, o material me conquista pelo conjunto da obra e não pela necessidade da obra em conjunto. Pela perspectiva de acolhimento, prefiro entender o enredo como um sarau em forma de circuito fílmico.
São vários os flertes, mas um – em especial – me chama a uma constante associação ao slam, provavelmente leviana, já que o filme parece aderir em seu discurso, uma gama sociológica mais abrangente, indo além do viés racial e periférico, prefere servir bem em escala multiétnica. Se esse não é um exemplar de terrorismo poético não sei mais qual fanfarra almejo em meus musicais oníricos. E é por tudo isso, é pela rua nos chamando, é por um longa que sabe ser generoso nas próprias vantagens, dizendo ao que veio em voz alta, nos lembrando que em 2020 toda rua é a rua da saudade.
RATING: 79/100
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