Vox Lux


Na estreia de um cinema, nA INFÂNCIA DE UM LÍDER, Brady Corbert foi à Europa do início do século XX para, ali, examinar os principais eventos que definiram uma geração. Um conto de um jovem que testemunhou as atrocidades de uma época, apenas para se tornar, ele próprio, a causa para a próxima. Um filme inspirado nas histórias revisionistas de Robert Musil e W.G. Sebald, nas tantas construções labirínticas que (re)imaginam personagens fictícios como testemunhas de pontos cruciais na história ou mesmo personagens reais inseridos em cenários históricos alterados. VOX LUX é, portanto, a continuação desse tema, mas do outro lado do século.

Então, dos males do nazismo aos males da megalomania, o cineasta filma dos tiros em Columbine ao show business, dos eventos de 11 de setembro ao agora. E o faz num melodrama histórico cuidadosamente ambientado entre 1999 e 2017 e na pele de Celeste, a adolescente que, das cinzas de uma grande tragédia nacional, foi ao estrelato pop. E por esse período, cerca de 18 anos, primeiro com Raffey Cassidy, depois com Natalie Portman, vemos uma carreira solidificada em conjunto com a irmã compositora (Stacy Martin) e um gerente de talentos (Jude Law), a ascensão meteórica desse (novo) mito à fama e à simultânea perda de inocência.

Portanto, outro filme sobre um ícone americano, uma superstar global e excêntrica, histriônica e caótica, a cambalear pela película (em 65mm), a maternidade, a loucura, afinal a fama monolítica na Era do Terror. A protagonista se torna um símbolo do culto à celebridade e à máquina de mídia em todas as suas entranhas, coragem e glória. E o faz com as canções originais de Sia, a trilha original de Scott Walker e uma performance transcendente que personifica e esmurra o zeitgeist atual. O resultado é uma história de origem sobre as forças que nos moldam, como indivíduos, nações e hashtag deuses.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Bold Films, incluso entrevista com o diretor
RATING: 78/100

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FILMES · TIFF · VENEZA · RIO

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