Peterloo


“Como uma grande assembleia, do destemido, do livre”, eles chegavam gradualmente. Alguns vinham com a família, outros sozinhos, a grande maioria em grupos. Vinham não apenas de Manchester e Salford, mas de outras áreas, das cidades de Lancashire, muitos deles marchando a pé. Embora fosse uma segunda-feira, quase todos estavam, por acordo, vestidos com as melhores roupas de domingo. mulheres usavam branco puro. O clima geral era digno, disciplinado, descontraído, bem-humorado, amigável, até mesmo comemorativo. Um número substancial de bandas estava participando, e havia muito canto. Muitos carregavam cartazes com slogans, desejos de reforma parlamentar, sufrágio universal e representação igualitária. Muitos portavam o famoso boné vermelho da liberdade, o mesmo tom de muitos estandartes. E, novamente por acordo, poucos possuíam qualquer tipo de arma, pois era uma demonstração de democracia pacificamente planejada e cuidadosamente planejada. Era o povo, ali reunido, o nível inaceitável de pobreza de tecelões, fiandeiros e operários de Lancaster.

E “por último veio a Anarquia… ele montava um cavalo branco salpicado de sangue, estava pálido até os lábios, como a morte no apocalipse. Usava uma coroa real e, ao seu alcance, um cetro brilhava: ele era Deus e rei e lei! Com um ritmo imponente e rápido, sobre a terra inglesa ele passou, pisando em lama e em sangue”, sobre a multidão que estava ali. E certamente foi um massacre. Pelo menos 15 pessoas, mulheres e crianças, foram mortas por cortes de sabre ou pisoteadas até a morte. E mais de 600 gravemente feridos. No início da tarde, da “grande assembleia, do destemido, do livre”, restava apenas o deserto, os mortos, os feridos, faixas abandonadas e roupas e outros detritos. Então todos choraram num acordo, “Tu és Rei e Deus e Senhor; Anarquia, para ti nos curvamos”.

“E Anarquia, o louco, curvou-se e sorriu para todos, assim como se sua educação custasse dez milhões para a nação”, mas do feito, de PETERLOO, uma névoa, uma luz, uma imagem surgiu, pequeno a princípio, fraco e frágil, homens da Inglaterra, herdeiros da Glória, heróis da história não escrita, levantaram-se como leões após o sono, em um número inviolável. Agitaram suas correntes para a terra como orvalho que no sono caiu, eram muitos, tão poucos e, do murmúrio, gritaram “deixem a assembleia ser, do destemido, do livre!” E é desse abate para a nação, como inspiração, um poema eloquente ou filme exemplar, que Mike Leigh filma, pesado como chumbo, épico como tudo, um cinema solene, por acordo.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Amazon Studios, incluso trechos do poema “The Masque of Anarchy”, de Percy Bysshe Shelley
RATING: 72/100

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FILMES · TIFF · VENEZA · RIO

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