Fatih Akin dirige pelo escuro. Em cena, Diane Kruger é a motorista que se depara com luzes e sirenes. O caminho está interditado. Houve uma explosão, diz o policial. E esse é o primeiro choque. Ela repentinamente sai do carro, em pânico, corre para o acidente, os policiais a seguram. Tentam contê-la. Ela cai no chão. Em dormência. Em completo horror. Mais tarde, dirão que um homem e uma criança estão mortos. E novamente, na convulsão, em lagrimas, ela desaba ao chão. Depois, em outra cena, ela vai reconhecer os corpos. Não há dúvidas. É seu marido e filho. E de novo o chão, porque tudo o mais lhe falta. O ar. A vida. Qualquer sentido. Tudo desaparece. IN THE FADE. Fade out.
A inspiração parte de um acontecimento real, um assassinato, um escândalo, algumas suspeitas de tráfico, drogas ou crime organizado, mas no fundo, trata-se de um eficaz filme de suspense, na tradição e atmosfera de Costa-Gavras. A história de uma mulher – inocente – que percorre a perda, a dor, a vingança e o julgamento, isso por quase 2 horas de projeção, dessa excepcional atriz, de Diane Kruger, por gritos e lágrimas, de extremo pesar. Ela, casada com um criminoso, viúva por um criminoso.
Na pele, uma tatuagem de samurai incompleta, mas que aos poucos, com os episódios, se termina no filme porque ela própria se torna samurai. Uma super-heroína, por assim dizer – e não à toa, “Superhero” de Faith No More ao fundo -, isso num tom fatalista da “Família”, do “Julgamento”, por fim “O Mar”, por influências de Na Hong-jin e Orson Welles. Um thriller realista, político, extremamente atual, que versa sobre a violência xenófoba, o desastre judicial, a internacionalização do terror, num (possível) mundo neonazista, aos olhos (azuis) de uma atriz, em sua língua materna, sem maquiagem, apenas o infortúnio, a bomba, a tragédia “do nada”, e “do nada” a solução, não nos tribunais, mas nas dúvidas, na discussão, no impasse. Ame ou deixe, o mundo é assim. Se tornou assim.
RATING: 66/100
TRAILER