O Estranho que Nós Amamos


Flertando com o suspense psicológico, THE BEGUILED se desenrola na guerra civil, nas páginas de Thomas Cullinan, no cinema de Don Siegel e, agora, na revisão de Sofia Coppola. Isso no sul profundo, em algum bosque encantado, isolado e sombrio, com toques fantásticos de RASHOMON. E é ali donde cresce cogumelos e se explode o conflito, que se encontra o soldado ferido, o inimigo nortista que acha refúgio entre os confederados, num internato distante, aos amores e humores de oito mulheres. Um homem que, nesta situação, acredita estar no paraíso, mas nada é encantador nessa história que oscila entre sedução e frustração, puritanismo e fantasias e que, gradualmente, eclode num violento desfecho.

Na tela, um pouco de American Horror Story, O ESTRANHO (QUE NÓS AMAMOS?) romance gótico sulista, repleto de tensões subjacentes, luxúria descontrolada e toques de possessão. Não é um filme de suspense, embora flerte com o gênero em termos de intensidade e destruição. Que fala sobre a perda da inocência, em todos os lugares, no tempo, principalmente na guerra, e explora o que está subjacente e pode revelar de mais primitivo no comportamento humano, mesmo tão longe do campo de batalha. Mesmo ali, nesse mundo feminino em tons claros e pasteis, bordados e jardinagem. A câmera permanece a certa distância, observa com interesse, Nicole Kidman limpar as feridas do pobre soldado. E Colin Farrell, como um tesouro precioso, uma joia num caixão, é mantido em segredo para desespero e curiosidade das outras jovens.

Com sua propensão para a beleza, Coppola filma no chiaroscuro, na nevoa e no crepúsculo, seus personagens bem alinhados, confortáveis em seus espartilhos, renda e algodão. Um toque de BARRY LYNDON, um pouco de LOUCA OBSESSÃO, um humor incomum, inesperado e voilá: Um belo filme, mas um tanto frio, sem emoção, sem drama. Diria apático. Sob a pele, como nas VIRGENS SUICIDAS ou MARIA ANTONIETA e através dos tempos, a cineasta filma o tédio com extrema sutileza e simbolismos. Retrata suas personagens em reminiscências de sonhos, adolescentes evanescentes em corseletes, aprisionadas e amordaçadas pelos costumes e hábitos de cada época. O faz também agora. Mas ela própria aprisionada pelo remake, pela inevitável comparação com o filme de Don Siegel. E, convenhamos, Colin Farrel não é Clint Eastwood.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Universal Pictures, incluindo a entrevista com a diretora
RATING: 75/100

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FILMES · CANNES

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