Tendo como pano de fundo o grande céu de Montana e refletindo tanto o imenso alcance quanto a profunda quietude desse cenário, CERTAS MULHERES examina os grandes e pequenos momentos que compõem a vida dessas personagens, esposas, profissionais, mães, amantes, tão fortes e independentes, cada uma procurando sua própria maneira de entender e moldar o mundo.
E é assim, por três historias, três dilemas, três lutas que vão desde o mundano à mudança de vida: De uma advogada (Laura Dern), cujos conselhos não são ouvidos por seu cliente, embora o mesmo os acate imediatamente quando ditos por um homem; De uma mulher (Michelle Williams) que se depara com a senilidade de um amigo, o desafio de ser mãe de uma adolescente ou mesmo a pretensão de construir uma casa no campo; De uma jovem (Lily Gladstone) que desenvolve um estranho fetiche, uma nova amizade, ou talvez algo mais ressonante ou importante.
Um filme feminino, de questões femininas, de “certas mulheres” para todas as mulheres, seus amores, seus humores, suas pequenas nuances e perfumes, o texto escrito por uma mulher (Maile Meloy), dirigido por outra mulher, Kelly Reichardt, de tantos filmes (todos de mulheres), incluso o panorama “wide-open”, a paisagem isolada, tudo tão belo e profundamente adequado para essas personagens e seus (íntimos) momentos, nesse rico tableau de cowgirls apaixonadas, advogadas provincianas e mulheres renegadas.
Três esquetes em sequência, em película, cada história se sobrepondo a outra, não pelo conto, nem pela trama ou ambientação, mas por essa feminilidade latente, extremamente minimalista, texturizada, matizada, diria sutil, donde nada acontece e, no entanto, se sente a indecisão, a contemplação, de certa forma a experiência, não de “certas mulheres”, mas de “ser” mulher, nesses tempos, nesse espaço e, principalmente, nesse cinema.
RATING: 73/100
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