Azul é a Cor mais Quente


Ela corre, corre, corre… Atrás do ônibus, para a escola, para não perder os amigos. Adèle, 15 anos, mora com os pais em Lille. Ela tem energia de sobra, emoções de sobra e todo um caminho para percorrer, viver e começar… E, sim, isso é apenas o começo também para Adele Exarchopoulos, a jovem atriz que se abre para essa vida, sempre com beleza natural e irresistível.

No inicio, vemos apenas sua boca sensual, esses lábios voluptuosos, a maneira de viver em toda a sua plenitude. Mesmo durante o sono, há momentos de orgasmo. Sua respiração em incrível volúpia, em busca do amor que ela já tentou, mas não foi recíproco. E depois de tanta hesitação, de comida e literatura, talvez seu destino esteja em outra jovem, a mulher de cabelo azul, Emma, a estudante de artes, que Léa Seydoux encarna e nos espanta, tal a frescura e o sorriso radiante. Quanto à Adele, essa é a primeira experiência que lhe leva as alturas. As noites são tórridas, os dias também. Ela acaba de completar 18 anos. E esse é o Capítulo 1.

E assim, filmando dois corpos que se desejam, se atraem, se tocam, se abraçam e se excitam, Abdellatif Kechiche parece não fazer nada. O resultado explode na tela, erótico, carnal, verdadeiro e extremamente sensível. O faz em cenas de dez, vinte minutos, onde a troca é intensa e donde se vê, pelos sentimentos reinantes, a expressão dos corpos. O fogo. O calor. Quando Adele tateia, nos também hesitamos. A câmera colada ao corpo, deslizando, observando, os rostos, a pele, a alma. Em planos fechados, as pupilas se dilatam, a língua corre, suspiros, gemidos, respiração, o êxtase sublime do corpo. Não há referências. Qualquer precedente no cinema. Kechiche pinta a sensualidade e filma essas mulheres como nenhum outro.

E depois, um novo episódio, um novo capitulo. As diferenças de gosto, ambição, idade ou carreira, os requisitos em grande parte determinados pela condição social das protagonistas. Sim, os impulsos dominam a tela, mas o olhar continua humano. Uma linda história de amor feito num contexto diferente e pintado “in blue”, precisamente a cor que desnuda esta emocionante e absoluta obra-prima que, no final, segue adiante. E corre. Corre. Corre solto para nossa mente construir novos capítulos. C´est la vie.

RATING: 88/100

TRAILER

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FILMES · CANNES · TIFF · FILMES LGBT

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