Laila in Haifa

As mulheres são figuras onipresentes no cinema de Amos Gitai, certamente o foram em ESTHER (1986), BERLIM JERUSALÉM (1989), KADOSH (1999), TERRA PROMETIDA (2004) e FREE ZONE (2005), sua lente apaixonada por essas atrizes, a verve, o discurso, os holofotes de outrora sobre Jeanne Moreau, Juliette Binoche, Anne Parillaud, Hanna Shygulla, Hiam Abbass, Natalie Portman, Léa Seydoux… tantas mulheres – cada uma em seu filme – que suplantaram o masculino em guerras e conflitos, assumindo seu protagonismo na história, na sociedade, no panfleto de união e não à toa, nesse capitulo, em LAILA IN HAIFA sejam logo cinco mulheres, cinco jovens pela noite da baladeira Haifa, indo e vindo em (des)encontros e situações, relações e identidades, os braços abertos, um copo de cerveja, uma taça de vinho, o gosta/não gosta, o roça/não roça, os clichês da noite e dos corações enamorados.

Então, um filme sobre mulheres e liberdade, isso na boate desilusão, na cama desconhecida, na noite boemia, as historias se entrelaçando, se enroscando, um beijo, um abraço, e logo na tela já são 14 personagens vivendo seus dramas de bêbado, ali e ao redor do Club Fattoush donde a noite ferve. Atores e não atores na pista. Gente israelense. Gente palestina. E homens e mulheres, heteros e gays, judeus e árabes, radicais e moderados, todos no labirinto, não tão quente como em SHORTBUS, calma ainda estamos nas fronteiras de Israel/Palestina, mas o suficiente para nos proporcionar um “lieu de rencontres”, ou talvez um ideal de coexistência, o diálogo possível em uma região que, de outra forma, só conhecemos ódio e violência crônica.

E assim, Amos Gitai segue filmando as pessoas no caleidoscópio, esse filme noutro elo de uma extensa obra cinematográfica de contação de histórias, catando aqui e acolá tantas narrativas para entender o mundo, aquela faixa em particular, e nesse episódio mais íntimo e amigável, alegre como numa mesa de bar, etílico como num filme de Hong Sang-soo, ele segue seu discurso, as histórias de dois povos divididos por razões sem sentido e os ajunta – pelo menos no cinema.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Hanway Films, incluso a entrevista com o diretor
RATING: N/T

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VENEZA · FILMES LGBT · PREVIEW

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