Em THE KINDNESS OF STRANGERS, haverá lágrimas (e também sorrisos), haverá o inverno (e também o calor), um filme que aquece o coração, que nos abraça e nos conforta, que nos estende uma mão, uma palavra, o que for necessário para resistir. Sim, ainda é um clichê, LES MISERABLES americano, A IMIGRANTE europeu, contos de Victor Hugo e Charles Dickens na fila da sopa, mas quem se importa? Lone Scherfig naturalmente escreve e dirige um CONTO AMERICANO aonde os personagens, tão estranhos entre si, realmente se importam e donde a bondade é estender uma mão (e não soltar a mão de ninguém).
Um filme que começa do nada, nada além do desespero, quatro personagens, quatro odisseias de recomeço, nada além do inverno, dos becos encardidos, os hotéis pulguentos, o frio de Nova York e esses quatro na encruzilhada: Há Clara (Zoe Kazan), a mãe-tigre que foge do marido violento; Há Marc (Tahar Rahim), o ex-presidiário, condenado por um crime que não cometeu; Há Alice (Andrea Riseborough), uma tímida enfermeira que encontra sua vocação em um grupo de terapia amadora; E há Jeff (Landry Jones), um jovem desesperado por alguém que precisa dele.
Então, haverá lágrimas, um pouco de drama, por fim o conforto de uma mesa de pobres, a humanidade de uma cozinha donde se requenta o tribunal dos milagres, a comédia romântica, o “feel good movie” e, sim, no restaurante de Billy Night, no lugar comum de tantos filmes do gênero, incluso nesse cardápio, Frank Capra e Douglas Sirk, e porque não? Ame ou deixe, seu coração ainda baterá por esse filme de coincidências inesperadas, de bondade genuína, uma trilha emotiva, mas também certa delicadeza e distanciamento de uma diretora que nos faz feliz com algo, senão espetacular, ao menos puro de intenções.
(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Premier, incluso entrevista com a diretora
RATING: N/T
TRAILER