Mary Poppins

Não há palavras para descrever MARY POPPINS: quem sabe seja a grande apoteose de Walt Disney, talvez o seu réquiem final ou, então, um monumento à imortalidade do gênio, à essência de sua alma, de toda uma vida, mesmo da guerra declarada com a autora P.L.Travers. Certamente é uma obra-prima, um filme autobiográfico de cores e canções e radiosa comedia, de forte conteúdo emocional e alegria física. E é nessa história, a de uma pequena e doce babá inglesa, que o homem personifica sua visão – a de uma fada madrinha -, e ali nos encanta, episódio após episódio, obcecado e obsessivamente, outrora como fizera em sua gênese, em BRANCA DE NEVE, BAMBI, PINOCHIO e FANTASIA, mas agora nessa família e em plena tempestade cujos ventos do leste prometem a bonança.

Na verdade, há uma palavra certa para descrever esse filme, é supercalifragilisticexpialidoce, a mistura de ação e animação, música e brincadeiras, Julie Andrews e Dick Van Dyke, senão a própria natureza da fantasia infantil, sua identidade e felicidade, a expressão e satisfação de um mundo pleno de liberdade, um lugar donde os adultos não entendem, nem o Sr. Banks, nem a Sra. Banks, mas que a babá serve aos poucos, dia após dia, e com um pouco de açúcar.

Um cinema universal e, todavia, muito pessoal. Os dois filhos de Banks, Jane e Michael, evocam as imagens de Walt e Roy (seu irmão) na infância: as crianças obedientes, reservadas, e traumatizadas, filhos de um pai rígido e disciplinador e uma mãe amorosa, porém ineficaz. Aqui, realidade e ficção se misturam, evocam a imagem de Mary Poppins, essa fada, outra fada que nada mais é do que a busca por outra mãe, tal qual as crianças perdidas de PETER PAN buscam em Wendy, o que BAMBI busca na floresta, o que os anões vêem na Branca de Neve e pelo qual Cinderela chora pelo vestido rasgado. Uma ilusão que preenche as lacunas do real, a busca no imaginário do que não se tem no real, afinal uma família, que Walt sempre buscou e nunca teve. Por outro lado, Bert, o limpador de chaminés, é o Disney mambembe à frente do próprio estúdio. O homem que cuida de cada detalhe em seu filme, nos storyboards, nas músicas, em cada frame e minuciosamente. Enganam-se quem acha que o filme é de Robert Stevenson. Que a história é de P.L.Travers, que a magia da babá venha do rosto de Julie… MARY POPPINS é puro Disney, o homem em cada penny. E sim, é muito chim chim cheree.

RATING: 82/100

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FILMES

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