Pequeno Segredo


Houve na história, muitos mitos, deuses e monstros: Visionários como Eisenstein, Dreyer e Antonioni; Sonhadores como Kurosawa, Tarkovsky e Buñuel; Narradores como Wilder, Truffaut e Bergman; Gênios como Ozu, Ford e Welles; Fenômenos como Hitchcock, Fellini e Kubrick… Verdadeiros autores, artistas, cineastas! Seres imortais que perpetuaram o cinema tal como é conhecido hoje, através e somente de um PEQUENO SEGREDO: Contar sua história de um jeito universal, único, eterno.

E por outro lado, longe desses diretores, isso no sentido mais literal da palavra, tão distante quanto todas as distâncias conhecidas, tão remoto e longínquo, tão afastado e apartado quanto se possa imaginar, ali, nos últimos e recônditos círculos da “Divina Comédia”, aquém de todos os outros, de Michael Bay, Uwe Boll ou Ed Wood, nesse lugar comum, ali está David Schürmann: No limbo. Na mais vaga lembrança donde tantos outros surgiram e se foram e para lá se perderam, DESAPARESCIDOS num suspiro, num vestígio.

Então, quis o infortúnio, a ilusão ou a pretensão de contar sua própria história, suas origens e afins – não importa -, desse infeliz e doloroso segredo, David Schürmann escreveu e filmou um argumento. E o faz com requintes melodramáticos, em sua mente um conto inspirador, poético, diria redentor para muitos, mas na tela, dessa macarrônica história de encontros e desencontros e pessoas perdidas no mar, além-mar, além-vida, tudo se perde na mais previsível marolinha.

Na tela, nos resta essa projeção empoeirada, arcaica, puída, espécie de ode aos anos 80, mas no sentido mais nefasto da palavra, resultado de um primitivo cinema brasileiro, donde os (poucos) filmes tinham péssima mixagem de som, eram inaudíveis, incompreensíveis. E além desses diálogos guturais, como se fosse um filme de Lars Von Trier, do nada, surge a mais melancólica e tonitruante das músicas para nos lembrar do quão tudo é épico e arrebatador. Mas espera… Logo surge o pôr do Sol para nos banhar de vida, de esperança, de sininhos e fadinhas porque, sim, apesar das caras e bocas de Fiunnula Flanagan e Julia Lemmertz, do bigode do Marcelo Anthony e da interpretação catatônica dessa menina que se comporta como um robô, sempre existe um Marco Petrucelli para exaltar e aplaudir. Felizmente são poucos. E para o cinema – a arte cinematográfica em si – felizmente o destino desse segredinho é o mesmo dos outros filmes do diretor: O esquecimento e a vergonha alheia. Talvez o You Tube.

RATING: ZERO/100

TRAILER

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FILMES · RIO

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