Não tão longe do DECLÍNIO DE UM IMPÉRIO AMERICANO, de Denys Arcand; De MAIS UM ANO, de Mike Leigh; Ou mesmo de RETORNO A ÍTACA, de Laurent Cantet; Thomas Vinterberg filma agora seu retrato familiar, a tal “comunidade” do título, apenas amigos íntimos, algumas personalidades excêntricas, uma família em sentido figurado, você, eu. E com ela, somos convidados, como num sonho, a participar dessas pequenas reuniões, seus jantares e festas. A amizade, o amor e a união sob o mesmo teto, até o verdadeiro estopim. Porque, afinal, estamos longe do Canada, da Inglaterra ou de Cuba e aqui, nesse cinema, nessa Dinamarca, o tom é um tanto mais doloroso, senão um Dogma.
Talvez um conto autobiográfico, uma vez que o próprio diretor viveu assim na juventude. “Uma fase louca, calorosa e fantástica, rodeada de sexo, cerveja, alto nível de discussões, paixões e tragédias pessoais. Um conto de fadas donde bastava deixar a privacidade do próprio quarto, para (con)viver com uma variedade surpreendente de cenários, residentes e suas excentricidades. Olhando para trás, foi um tempo cheio de memórias e momentos absurdos”. E olhando para frente, o cineasta realiza um filme ligeiramente bem-humorado, delicado, de certa forma comovente de toda uma geração. Quase uma ode aos idealistas e sonhadores. Um cinema em família, portanto.
Desse argumento, a projeção segue pelos jantares do grupo, conversas casuais que logo se tornam acaloradas, ate mesmo catastróficas. Algumas reuniões democráticas, vida plena, assembleias ou café filosófico. Isso em 1975. E com vários personagens pelos quais o público certamente vai se afinizar, talvez amar, e daí o perigo: Porque é justamente o “amor” que trará a ruína desse encantador idílio, ame ou deixe.
(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela TrustNordisk , incluso as notas de Thomas Vinterberg
RATING: 65/100
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