A tarefa de recriar Los Angeles como era há quase 80 anos foi extremamente árdua em A TROCA. Pesquisas iniciais por locações revelaram que prédios antigos haviam sido demolidos, ruas substituídas por grandes vias e bairros inteiros destruídos – incluindo aquele onde a família Collins morava (leste da Chinatown, na Los Angeles contemporânea).
Os produtores recorreram ao desenhista de produção James Murakami (CARTAS DE IWO JIMA) e ao gerente de locação Patrick Mignano (NA NATUREZA SELVAGEM) para visualizar o período da história na Los Angeles de hoje. Murakami e sua equipe descobriram locais intocados no subúrbio de San Bernadino e Pasadena, que serviriam como a Los Angeles dos anos 20, e em San Dimas, onde um bloco de casas fornecia um retrato bastante próximo do que Murakami precisava para o interior e exterior da casa dos Collins.
O supervisor de efeitos visuais Michael Owens (A CONQUISTA DA HONRA; CARTAS DE IWO JIMA) foi chamado para acrescentar elementos a essa Los Angeles que estava sendo recriada, como o horizonte da cidade e os bondes vermelhos que na época populavam a região. O bonde do filme foi equipado com um motor, e assim pôde ser dirigido nas ruas de Pasadena e Los Angeles durante as filmagens.
Eastwood comenta a mudança visual pela qual Los Angeles passou nos últimos anos: “Levo vantagem porque sou mais velho que os outros”, brinca. “Então, me lembro de muita coisa. Quando eu cheguei em Los Angeles, nos anos 50, a cidade era bem diferente. E os bondes vermelhos estavam em tudo quanto era lugar. Eram muito populares na época.”
Outro cenário importante para o filme seria o rancho de Northcott. A produção escolheu filmar em Lancaster, a 120 quilômetros ao norte de Los Angeles, em uma pequena fazenda. Para criar o design, Murakami e equipe viajaram para a fazenda original onde os assassinatos ocorreram. “Estar ali era muito estranho”, observa o desenhista de produção, “mas necessário para a equipe entender a topografia e layout”. Usando fotos de jornais da época, eles recriaram o local.
Os figurinos “Vintage” de Angelina Jolie
Depois de trabalhar em filmes de Clint Eastwood que se passavam nos anos 40, a figurinista Deborah Hopper (A CONQUISTA DA HONRA; CARTAS DE IWO JIMA) conhecia cada loja de vestuário vintage de Los Angeles ao Canadá. E ela usaria todos os contatos para encontrar uma seleção de roupas e sapatos para aproximadamente mil homens, mulheres e crianças presentes na produção.
Ela precisaria de mais pesquisa, no entanto, para retratar com precisão a quantidade de trajes da época da Grande Depressão. De operárias a mulheres de sociedade da época, o estilo do fim dos anos 20 incluía uma silhueta recatada, com vestidos de cintura baixa, casacos com gola de pele e chapéus cloche usados com luvas de crochê.
Ao pesquisar imagens de Christine Collins, Hopper pôde compilar informações suficientes para criar uma paleta precisa e complementar para Angelina Jolie. Um item de vestuário inesperado para diversas cenas de Jolie na empresa de telefonia em que Collins supervisiona uma equipe de funcionárias era um par de patins de couro… com saltos.
Jolie aprenderia – graças, em parte, a fotos do período que documentavam a prática – a ir e vir no set de filmagem usando este meio de transporte ímpar. “Patinar de salto para um papel foi uma das coisas mais engraçadas que já fiz na minha carreira”, ri a atriz.
A produção surtiu grande efeito em todo o elenco e equipe, especialmente em Jolie. “Em filmes que requerem uma atuação profunda, você realmente chora junto, sente raiva junto e vai até o fim. É uma pequena jornada que gera um elo como seres humanos”, opina a atriz.
Eastwood conclui com uma frase do ator Jimmy Cagney, mas que podia ter sido dita pela própria Christine Collins: “Quando pressionado por caluniadores, uma coisa que todos nós podemos fazer é “fincar os pés no chão e dizer a verdade.”
Se Walter Collins ainda estiver vivo, ele hoje tem 89 anos.