Há alguns anos, o roteirista e jornalista J. Michael Straczynski se deparou com a impressionante história de Christine Collins. “Uma fonte que eu tinha na prefeitura me ligou um dia e disse que estavam queimando documentos antigos e que havia algo que eu tinha que ver antes de ser incinerado”, ele lembra. “Então eu corri para lá, e encontrei a transcrição de uma audiência da prefeitura sobre o caso de Christine Collins. Comecei a ler o depoimento e pensei: ‘Isso não pode ter acontecido de verdade. Deve haver algum engano.’ Foi o suficiente para atrair a minha atenção antes que o registro fosse queimado.” Straczynski pesquisou a história por aproximadamente um ano, mergulhando nos detalhes da jornada de Collins, antes de finalizar o roteiro.
A chocante história baseada em fatos reais chamou a atenção dos produtores vencedores do Oscar por UMA MENTE BRILHANTE Brian Grazer e Ron Howard. “Gostei do tema dA TROCA, e achei a cultura em torno do incidente fascinante, e de certa forma estarrecedora. O fato de ter realmente acontecido dá à história muita profundidade emocional”, opina Grazer.
Sabendo que o diretor/produtor Clint Eastwood tinha um pensamento similar quando se tratava de material baseado em fatos reais, Grazer e Howard ligaram para ele para conversar sobre o roteiro. “Eu o levei comigo numa viagem para Berlim”, lembra Eastwood. “Na volta, eu o li e gostei bastante. Assim que cheguei, liguei para Brian e Ron e disse: ‘É, vou participar.’
Tanto Eastwood como os produtores estavam de acordo que a pessoa perfeita para viver a protagonista do filme, Christine Collins, seria a vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por GAROTA, INTERROMPIDA Angelina Jolie. Mas, apesar da história precisa e de uma equipe de filmagem de primeira linha, Jolie ficou, inicialmente, relutante em assumir o papel de uma mãe cujo filho é seqüestrado.
A hesitação era compreensível, já que ela havia recentemente finalizado o retrato emocionante de Mariane Pearl em O PREÇO DA CORAGEM, a história verdadeira do seqüestro e assassinato do jornalista Daniel Pearl. No entanto, aberta a estudar possibilidades, Jolie resolveu ler o roteiro, e a interpretação de Straczynski da vida de Christine Collins a fez mudar de idéia. “É uma história extraordinária”, diz Jolie. “Eu não conseguia parar de ler. Quando Christine tinha algum contratempo e se levantava de novo, eu pensava: ‘Ótimo, você está de pé novamente!’
Com diretor, produtores e protagonista escolhidos, começou a busca pelos atores que viveriam os personagens do mundo de Christine Collins dos anos 20 e início dos anos 30. Enquanto ela seguia em frente para encontrar o filho, se deparava tanto com apoiadores quanto com caluniadores. Retratado por John Malkovich, o reverendo Briegleb e seu conhecimento da máquina municipal tiveram um papel essencial na busca de Collins.
Sobre o ativismo de Briegleb, Malkovich opina: “É, provavelmente, um exemplo distante do tipo de pressão que a mídia pode fazer. Briegleb tinha um programa de rádio em que fazia discursos e lia sermões. Ele realmente colocou os holofotes sobre a polícia de Los Angeles e no que considerava práticas tenebrosas.”
Com o caso Walter Collins ainda sem solução, uma revelação impressionante de uma investigação paralela viria à tona: a história de um assassino de crianças chamado Gordon Stewart Northcott serviria de palco para uma brincadeira psicológica de gato-e-rato entre Northcott e Christine Collins. Em 1928, o sobrinho de 15 anos de Northcott, Sanford Clark (Eddie Alderson – TRAÍDOS PELO DESTINO), levou a polícia a uma descoberta espantosa no rancho de seu tio próximo a Wineville, Califórnia. Lá, os policiais descobriram vestígios de crianças mortas com um machado. Ao escolher um ator para viver Northcott, Eastwood ficou chocado com a similaridade de aparência entre o assassino e Jason Butler Harner (O VIDENTE; O BOM PASTOR), que ficou com o papel.