Jogador Nº 1

Um retorno aos anos 80, de um tempo nostálgico, incrível, “Além da Imaginação”, tantos filmes que Spielberg filmou, da aventura de uma caçada à ARCA PERDIDA, no TEMPLO DA PERDIÇÃO, numA ÚLTIMA CRUZADA, da magia de um encontro com o inimaginável, talvez um E.T. – O EXTRATERRESTRE, um dinossauro ou um tubarão – quem sabe? -, e isso além de nosso tempo, ao futuro, em 2045, noutra dimensão, seja o que for, é extremamente difícil definir o que JOGADOR Nº 1 realmente é: um conto de fadas ultramoderno, um genuíno cinema pipoca, um título da Sessão da Tarde, ou então, um jogo insano, vertiginoso, eletrizante. É um marco, sem dúvida, de uma geração. Um cult(o) ao Imax, aos fliperamas e todo um cenário geek.

E eis a metalinguagem (ou a genialidade) de um cineasta que coloca seus personagens no CLUBE DOS CINCO, ali para viver, cada um, sua “jornada de herói”, sempre em busca do easter egg dourado, enquanto nós – o público – fazemos o mesmo com o filme em si, trocentas referências escondidas em personagens, momentos e cenas. E todos em direção à sala secreta (similar À FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE), nessa caça ao tesouro em três chaves e missões (como nO LABIRINTO DO FAUNO), sim, num roteiro nem tão espetacular, dito isso pelos diversos “Deus ex machina” disfarçados de artefatos e itens (como nos RPGs dessa geração), mas o que vale mesmo é a imersão e o prazer de reconhecer tais referências. E esse é o filme, senão o verdadeiro game que Spielberg nos propõe.

Da primeira cena que nos remete à MINORITY REPORT, passando pela sequência de “Burnout Paradise”, com motos (de TRON), Deloreans (de DE VOLTA PARA O FUTURO), tiranossauros e King Kong, e, depois, saltando de um LA LA LAND intergaláctico para o quarto 237 dO ILUMINADO e, dali, ao mundo de MATRIX, DETONA RALPH e AI – INTELIGENCIA ARTIFICIAL, citando Kubrick e John Hughes, Atari 2600 e Claire Underwood, Master Chief e Overwatch, O GIGANTE DE FERRO e He-Man, mechaGodzilla e Jaspion, vemos, afinal, um mundo de sonhadores, a válvula de escape que nos permite sobreviver nesse mundo real, a infância de ontem, o cinema de hoje, um livro, um game, a Netflix, e como tais referências nos moldam, enquanto pessoas, senão avatares.

Um mundo, um filme, afinal essa realidade que nos fascina e vicia e pelo qual nos tornamos escravos. A mensagem é bem clara, mas se esconde no easter egg de um blockbuster. Uma mensagem, infelizmente, que passa despercebida do público tão afoito em consultar mecanicamente seu Facebook e Whatsapp, comentar ou opinar, isso ainda nos letreiros, logo depois de retirar seus óculos 3D. E assim caminha a humanidade, cada um em seu oásis, jogadores solitários nesse joguinho chamado vida, “tão real quanto a realidade”.

RATING: 74/100

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FILMES

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