Lady Birdy

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LADY BIRD (2017)Como Mariel Hemingway por Woody Allen, como Gena Rowlands por Cassavetes ou Anna Karina por Godard, Saiorse Ronan se oferece aos caprichos de Greta Gerwing para filmar sua vida excepcional ou talvez para filmar a excepcional vida de LADY BIRD. E desse vinculo, entre diretora e atriz, atriz e personagem, personagem e público, o filtro do olhar é tão curioso, tão carinhoso, que é difícil dizer onde fica a alma desse filme, se em Christine “Lady Bird” McPherson, a protagonista, se no roteiro, escrito pela diretora, ou na própria atriz porque, sim, estamos diante de um cinema em sua forma mais pura. Puro cinema.

Então, a tela se preenche de (des)encantos, de magia, de perspectiva romântica e atemporal, tudo para (nos) revelar o retrato de uma menina de outrora, pulando de amiga em amiga, namorado em namorado, dosando tantas aspirações e expectativas, mas ao mesmo tempo, e antes de tudo, uma jovem, que poderia ser de qualquer época, mas que é LADY BIRDY, inamorável e inacessível, que sabe o que quer, mas simplesmente, nesse mundo, não o têm. O palco, a identidade, a mãe… tudo tão perto e tão longe e, apesar disso, se vive com alegria inata, sem preguiça, sem jeito, sem uma alma gêmea.

Nem mais, nem menos, nessa MANHATTAN particular, nesse ligeiro retrato de UMA MULHER SOB INFLUÊNCIA, se filma uma nova visão de vida, afinal (outro) VIVER A VIDA, que Allen filmou, que Cassavetes filmou, que Godard filmou, mas agora é Greta que filma e, portanto, em seus diálogos delirantemente infinitos, estranhamente sedutores e metodicamente filmados, só para evocar a figura primal de Jim Jarmusch, ou simplesmente para entender “o que não funciona”, entre tantos maus caminhos, entre tantos desajustes, o desaparecimento gradual dessa garota, os rostos conhecidos, a liturgia, as mentiras, o humor, o charme, o grande coração. É irresistível.

E ao fundo, Sacramento e o cinema. Aquele cinema genuíno, repleto de elipses e efeitos de montagem, só para refletir com precisão o estado dessa pequena Lady em cada momento – o colegial, os bailinhos, os namoricos -, tudo tão agradável porque talvez implique cada faceta do indivíduo, cada marginalidade e neurose que, somados, tende ao universal apenas para realinhar as esperanças frustradas de todos – o público inclusive – em um mundo donde os sonhadores não tem vez.

RATING: 83/100

TRAILER

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FILMES · TIFF

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