Jericó, o Infinito Voo dos Dias


De pássaros, de sinos, de céu, janelas e portas emolduradas de cores, cortinas ao vento, dedos em tranças, retoques em cílios, o bolero de JERICÓ, O INFINITO VOO DOS DIAS se ouve pela felicidade e o infinito, nas crianças e suas pipas, nas pequenas casinhas do vilarejo. Nas velhas histórias e seus pequenos objetos. Na coleção de Rosários e no mambo. Uma homenagem à beleza e intimidade do feminino colombiano, através de oito mulheres de Jericó e sua sabedoria de vida.

Um filme que parte de memórias, do amor e da vasta presença da tia-avó da cineasta e, desse abraço, parte o início, o espaço onde o voo emerge, a inspiração, a alma sem idade, alegre e efusiva, de uma pequena colcha de retalhos, costurada a várias mãos, sem julgamento e deliciosa narrativa. Então, um conto sobre o lindo, o decorativo, os encontros mundanos e as maravilhas passageiras, as reuniões significativas, as penalidades, as desgraças e o desencanto para, por fim, um pouco de riso e música, a velha receita da vida.

E pela cidadezinha, Catalina Mesa filma o mais pacato, suas cores, as pessoas e suas rendas, a dança florida de um leve caminhar. A câmera seduzida por tanta alegria. Cada história-entrevista captada no mais comum, na tradição oral, no antigo, numa conversa fiada. O filme-brechó cheio de coisinhas e cacarecos. De todos os Santos, pela fé, de história em história, o filme vai agregando bordados, se enamorando de “cosas bonitas” e “recuerdos”, senão puro artesanato familiar. Um tuk tuk passa e, opa, um novo personagem, uma visita na varanda, aceita um café, comadre? Parece uma visita na casa da vovó, ao sabor da tarde e do tec-tec-tec da máquina de costura. Sim, um encanto.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela Miravu, incluindo notas de produção e comentários da cineasta
RATING: 63/100

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