The Last Black Man in San Francisco


THE LAST BLACK MAN IN SAN FRANCISCO é basicamente uma história de amor entre um homem e uma casa, suas raízes, seu legado… então, desse filme-mausoléu que Joe Talbot filma, que o velho vovô Fails um dia construiu, se escreve a ode de uma cidade tão lírica e amorosa quanto possível, à amizade, à família e às frustrações de viver em São Francisco. Um filme feito de memórias, de infância do cineasta, da vivência do próprio ator-protagonista, e todos reunidos na tela em torno desse lar vitoriano para ali, preenchê-lo de mobília, significados e um aconchego similar ao conforto de uma lareira acesa numa noite fria.

Então, era uma vez uma casa, um ator e um cineasta: A odisseia de um homem que foi banido para os confins da cidade, mas faz uma peregrinação de volta à única casa que ele já conheceu. E de volta ao lar, diante dessa residência elegante e antiga, um pouco em ruínas, mas ainda símbolo da imaginação fervorosa da infância, se cria algo mítico, até mesmo mágico. Essa casa é sua obsessão, outrora um lugar cheio de risos e amor, de tardes em família ao redor da mesa, de tempos de opulência e conforto, cadeira de balanço e relógio de parede, mas hoje um lugar abandonado a mercê do fim, de um corretor ou de picuinhas de herança. E é sob esse teto que Talbot invade para encenar sua história, seu filme de garotos, medos, esportes, amor, música e sobretudo passado.

Um cinema em construção, tijolo a tijolo, frame a frame, com personagens humanos nessa argamassa, a tinta exalando nostalgia, as janelas escancaradas para o paraíso cheio de esperança e sonhos chamado San Francisco. E nos alicerces, o coração do filme, essa história de amizade entre dois personagens, ator e diretor, cinema e público, uma química imediata, autêntica e extremamente sensível que nos encanta, seja pela poesia impregnada, a ingenuidade dos seus “inquilinos” ou uma peça mambembe para dar sentido a uma tragédia inesperada. Ao final, fica nítido o amor envolvido e, sim, esse é um filme apaixonado pela arte de contar histórias.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela A24, incluso entrevista com a diretor e notas de produção
RATING: 82/100

TRAILER

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REVIEW · SUNDANCE · LOCARNO

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