As Vozes


O cenário é a feliz cidade de Milton e tudo parece em cor de rosa: Um bom emprego na fabrica de toaletes, um piquenique de empresa, um pouco de conga e pizza fria… Depois, uma noite de karaokê, um show incrível no Shi Shan. Logo o “affair” se desenvolve (ou o destino?). E tudo se resolve, ou AS VOZES assim se insinuam. Um bolo, um acidente, o instinto… Um personagem sai de cena e outro, mais psicótico, o substitui. Tão triste. Tão terrível.

E na tela, vivendo essa comedia, ou desse infortúnio, nada mais que um ser inofensivo, solitário, desajeitado, diria desconectado do mundo, sem remédio, sem inspiração, apenas o vazio e as tais vozes. Dos anjos? Do fiel amigo? Do (advo)gato do diabo? Ou de algo além da imaginação? Não importa. Ryan Reynolds encarna essa doçura como Dr. Dolittle de tempos modernos, Sweeney Todd para cães e gatos, para seu horror, ou nosso “terrir”.

Um filme donde a felicidade se esvanece em pílulas e a loucura é a verdadeira adrenalina para se sentir vivo. Com um pouco de “Dexter”, um tanto de BABE, Marjane Satrapi surge da geladeira, donde se enfiou com FRANGO COM AMEIXAS, para resgatar algo novo, não ao certo PERSEPÓLIS, mas algo dos anos 80, dessa ingenuidade, a fantasia, afinal as cores irreverentes de um profundo estado de graça. E um pouco além dessa terra de borboletas, num tom mais brutal, abrupto e degenerado, donde o humor negro é o playground de uma (divertida) cabeça que se sente só. E pelo que se vê desse cinema, aonde os animais falam e o assassino canta, haja terapia ou, talvez, um freezer maior.

RATING: 64/100

TRAILER

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FILMES · SUNDANCE · TIFF

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