A historia se repete: Os SAGs, os PGAs, os DGAs e o Oscar 2011


A historia por trás do anúncio dos filmes indicados ao Oscar 2011 reflete um pouco o que os seus protagonistas viveram nas telas: A Premiere dO DISCURSO DO REI foi no secreto Festival de Telluride. Uma estréia tímida, vacilante, um pouco tartamela, mas de grande potencial. Digo isso por Colin Firth, o rei vulnerável e inseguro, que mostra coragem e resistência sob camadas de insegurança. Digo isso pelos distribuidores, os poderosos irmãos da extinta Miramax.

Então veio o buzz, primeiro em Telluride, depois em Toronto, e o filme de Tom Hopper cresceu nas cotações, jamais favorito, sempre a sombra dA REDE SOCIAL. Seu sucesso dependia da queda de David Fincher, assim como o trono do Rei George VI dependia da queda do Rei Eduardo. Durou um mês para ambos: A REDE SOCIAL perdeu o Prêmio da Guilda dos Produtores, dos diretores, dos atores. Já Eduardo, abdicou.

O resultado: O DISCURSO DO REI de Colin Firth de Geoffrey Rush de Helena Bonham Carter de David Seidler de Tom Hooper e – principalmente – dos irmãos Weinstein recebeu 12 indicações ao Oscar. Uma categoria além do previsto, justamente Melhor Som. A REDE SOCIAL, por outro lado, recebeu apenas oito menções, uma categoria a menos do previsto (Melhor Ator Coadjuvante). Parece uma historia meio tendenciosa, um plano cuidadosamente planejado.

A Premiere dA REDE SOCIAL foi no Festival de Nova York. Foi grande. Incomensurável. Um clássico instantâneo. Duas semanas depois estreou na Europa e na América do Sul. Voraz na corrida do ouro conquistou crítica, bilheteria e prêmios. Muitos prêmios. Então, falhou nos momentos derradeiros. Perdeu o PGA Awards, o DGA Awards e, agora, o SAG Awards. Os prêmios que selariam o namoro – e o Oscar 2011. A REDE SOCIAL em sua verborragia de prêmios falhou em algum lugar. Arrogância? Presunção? Não sei… Digo apenas que chegará à premiação, sozinho, agarrado ao roteiro de Aaron Sorkin, teclando f5… f5…f5… com medo dO DISCURSO DO REI e dos discursos dos Weinstein. Um filme, enfim, tão descartável quanto um tweet.

A vantagem numérica é apenas uma das inúmeras dicas da provável vitoria dO DISCURSO DO REI no Oscar 2011. O filme se alinha melhor com o perfil da Academia: Uma narrativa mais clássica, um elenco afiado, o pedigree inglês da monarquia que oscila entre a comedia e o drama. E os Weinsteins! Sempre os Weinstein!

Ambos, O DISCURSO DO REI e A REDE SOCIAL são unanimidades no cinema. O Oscar é (será) um detalhe. Pormenores disputados na empatia do príncipe gago e do nerd anti-social, ou entre duas diferentes tecnologias – o rádio e a internet – e a forma como mudaram a humanidade. Evocam, portanto, o mesmo tema, mas em épocas e tecnicas diferentes.

Dessa briga aparece a BRAVURA INDÔMITA como coadjuvante. O filme dos irmãos Coen cravaram 10 indicações, conforme previsto. Trocou o nod de Maquiagem pelo de Diretor. Parece forte, mas não é… Na prática será uma menininha perdida no faroeste selvagem do Teatro Kodak. Não é favorito em nenhuma categoria e Hailee Steinfeld, protagonista genuína, foi indicada como coadjuvante. Pois é, a historia se repete…

E o peão? Cai ou não cai? É sonho ou realidade? Nolan foi esnobado ou não? Talvez fosse: Ele está fora do Oscar de Melhor Diretor. Talvez não: Ele concorre como produtor e roteirista pelA ORIGEM… Pela estatueta de Melhor filme, o peão cai: O filme está fora da categoria de Montagem, um dos precursores do prêmio principal. Mas pelo Oscar de Melhor Roteiro Original, o peão ainda roda: Nolan permanece favorito, justamente a categoria que o revelou em 2001 por AMNÉSIA.

Já O VENCEDOR confirma sua ascensão nas cotações e a afinidade da Academia pelo gênero do boxe. Emplacou as seis indicações previstas, além de uma adicional: Melhor Montagem, vaga obtida ao custo do sacrifício dA ORIGEM. Com o favoritismo nas categorias de Coadjuvante (Tanto em ator, como em atriz) deve ser um dos protagonistas da festa. Diria que é a quinta força, fato confirmado também pelo numero de indicações.

Por outro lado, CISNE NEGRO confirma o “desgosto” da Academia pelo suspense. Cotado para 10 indicações, recebeu apenas cinco. É o grande injustiçado entre os indicados, ficando de fora nas categorias de Melhor Roteiro Original (!), Direção de Arte, Figurino, Atriz Coadjuvante e Som. Mesma sorte de 127 HORAS que também ficou aquém do esperando com apenas cinco indicações, sendo excluído das categorias de Mixagem e Edição de Som.

E é justamente aqui o campo de batalha do Oscar. Como exemplo de 2010, quando GUERRA AO TERROR derrotou AVATAR no Oscar de Melhor Mixagem de Som e, depois, melhor Filme; Em 2011 a historia se repete: A categoria de Som é um espelho perfeito dos favoritos ao Prêmio principal e, em tese, deve definir a briga novamente. Com a queda dA ORIGEM em Montagem, talvez até de propósito, para eliminar concorrência, quem emplacar ambas (Som e Montagem) é virtual favorito ao Oscar de Filme e Diretor.

Mas não precisamos de conspirações. Já temos um favorito: O DISCURSO DO REI. O melhor filme segundo os produtores, diretores e atores. Já conhecemos essa história. E, para o Oscar, a historia sempre se repete.

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