Aos Leões!

VENEZA (Dia 1): São 21 filmes em concurso ao Leão de Ouro nesta edição, cinco são americanos, quatro são italianos (a maior representação européia), quatro são asiáticos e tudo o resto se distribui, com odor “autorístico”, pela França, Rússia e Alemanha. Há mais um… O 22º filme que sempre entra na seleção como “surpresa”. Falamos, então, dos filmes da competição principal, aquela que vai ter um júri presidido por Wim Wenders, que inclui John Landis, Johnnie To, Valeria Golino, Lucrecia Martel e o artista plástico Douglas Gordon.

O cinema indie americano está presente com THE WRESTLER, de Darren Aronofsky. Um filme que transita entre o melodramático O CAMPEÃO e ROCKY. Como se trata de um filme de Aronofsky, não deve ser o que parece.

Kathryn Bigelow regressa com THE HURT LOCKER. Filmando o dia-a-dia de uma unidade de elite numa cidade sitiada. É o regresso do cinema americano ao Iraque, uma espécie de revisita depois de NO VALE DAS SOMBRAS, de Paul Haggis, REDACTED, de Brian de Palma, e tantos outros ignorados nas bilheteiras.

Jonathan Demme apresenta uma comédia sobre uma família disfuncional, RACHEL GETTING MARRIED, e Guillermo Arriaga, o roteirista de Alejandro González Iñárritu (BABEL), estréia na direção de THE BURNING PLAIN – Charlize Theron é uma mulher atormentada pela infância, Kim Basinger é a mãe. E há ainda VEGAS: BASED ON A TRUE STORY, de Amir Naderi.

Os filmes italianos – IL PAPA DE GIOVANNA, de Pupi Avati, BIRDWATCHERS, de Marco Bechis, PERFECT DAY, de Ferzan Opetek e IL SEME DELLA DISCORDIA, farsa do napolitano Pappi Corsicato em que um macho infértil descobre que a mulher está grávida – aparecem num contexto de entusiasmo nacional depois da repercussão em Cannes com GOMORRA e IL DIVO.

Além de Kitano, outros realizadores japoneses comparecem a Veneza – e o curioso é que com dois filmes de animação: PONYO ON CLIFF BY THE SEA, do badalado Hayao Miyazaki, e THE SKY CRAWLERS, de Momoru Oshii. Há também obras de muitos outros países, como INJU, LA BÊTE DANS L´OMBRE, de Barbet Schroeder (França), GABBLA, de Tariq Teguia (Argélia, França), TEZA, de Haile Gerima (Etiópia, Alemanha, França), PAPER SOLDIER, de Aleksey German Jr. (Rússia), etc.

É equilibrando-se entre essas duas exigências – uma mercadológica, outra estética – que Veneza dá início à maratona de filmes. Será preciso descobrir o novo, venha ele de onde vier, mas também apostar no conhecido e no midiático, pois é o que atrai as câmeras no mundo do espetáculo. Assim, espera-se um desfile de celebridades no Lido, mas também os filmes chamados “miúras”, inovadores e sem gente conhecida no elenco.

Por Luiz Zanin Orichio (Agência Estado) e Vasco Câmara (Publico PT)

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FESTIVAIS

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