Winona

Por Eduardo Benesi

Há muito tempo não via um filme ser tão inteiro, livre e encantado para falar de amizade (amizade entre mulheres, bom sublinhar). Não a amizade enquanto temática, mas a amizade tratada como verbo. Em uma tarde na praia cabem infinitas histórias e desencontros. Em uma tarde na praia dá para se construir castelos inteiros. Em uma tarde na praia dá para fazer metalinguagem usando a carreira de Woody Allen para universalizar o que antes era um bairro formado por apenas 4 garotas.

É fabuloso observar o quanto WINONA é um material que não se leva tão a sério, deixa seu regulamento aberto ao peito e escorre no autêntico porque a performance está sempre em sugestão enquanto nós em suspensão. Uma narrativa que parece vagar pela tiragem dos sonhos e degustar sua utopia criando laboratórios de criação no entremeio das relações ali estabelecidas.

Mora agora dentro aqui uma obra que se entrega ao flow e deixa o perfume acontecer, consegue ser banal sem ser dispensável, não nos oferece fantasia, oferece gente fantasiando. Tudo isso fica mais sintomático em um ano como 2020 em que estar junto deixou de ser trivialidade e virou objetivo. Um filme que ao invés de nos encarar de frente, senta ao nosso lado e encosta a cabeça em nosso ombro. Nos lembra que existem dias que valem uma encarnação inteira.

RATING: 83/100

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