Docinho da América


Sim, para Andrea Arnold, a América pode ser doce, mas não verdadeiramente um sonho… Pelo contrário: É o retrato cru de uma estrela de dreadlocks que caiu do céu para catar comida no lixão, uma pizza, um frango, o que tiver nesse fedor, para a protagonista e suas duas crianças. Eles têm fome. Vivem em algum lugar de Oklahoma. No Wal-Mart surge a oportunidade, um grupo de jovens, cerveja e maconha, música alta, a bunda branca de um deles colada na janela. Estão se divertindo. Cantam, riem, bebem. Esse é o sucesso. E por que não?

Em casa, nada na geladeira além de cerveja de um qualquer. Um pouco de assédio, lágrimas. A câmera se entretém com o obsoleto, a sobra de batata palha na mesa, as formigas se banqueteando, uma aranha no azulejo. O menino se diverte com o frango pestilento. O cachorro late. A mariposa bate na janela, o country toca. Star está triste. E por que não?

Então, pé na estrada, rock´n´roll e American way. E é assim que a cineasta mira as estrelas, as Palmas, senão sua transloucada Star, ou então Sasha Lane, a adolescente miserável, sem nada a perder, que se junta a esse grupo para viajar pela (doce) América e vender revistas. E em meio as infinitas festas, novos amores e atividades ilegais, vemos um bando de desajustados, um flerte à Larry Clark e o espirito beatnik.

O resto é o improviso de tantos jovens ali reunidos, nesse road movie, nessa venda de porta em porta, de motel em motel, as cotas diárias, a paisagem a mil por hora, tudo consumido no álcool, no amor, no ciúme, na energia da juventude e no volume alto. Tudo é muito intenso. Selvagem. Estridente. O sexo. A vida. A cineasta deita na relva para filmar os detalhes. A montagem é rápida. A câmera é nervosa. A trilha é outra viagem. E por que não?

RATING: 70/100

TRAILER

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FILMES · CANNES · TIFF

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