A Região Selvagem


Não devia ser surpresa. Não depois de HELI, SANGRE e LOS BASTARDOS, mas o choque entre a beleza e a violência de LA REGIÓN SALVAJE emudece a plateia. Talvez pela síntese de seus filmes anteriores, os corpos nus, o sexo visceral, a violência desesperada… talvez pelo grotesco dessas notícias populares que se reproduzem em dois contos, duas mulheres… esses são os ingredientes de um diretor que gosta de se colocar na margem da sociedade – dos trabalhadores, dos ilegais, dos coitados – apenas pelo prazer de vê-los vender sua alma ao diabo. Ou então, uma força sobrenatural do qual não se pode resistir, ame ou deixe, esteja em paz ou em ira.

De uma região onde existem fortes valores familiares, também a hipocrisia, a homofobia e o machismo. De um lugar fervorosamente católico, Amat Escalante novamente filma os instintos mais básicos, mais animalescos. E, ali, SOB A PELE, seu filme se restringe a comer, defecar e reproduzir. Nada além disso. O sexo é uma recompensa por essa existência, pelo martírio. Para os protagonistas que sobrevivem essa região. Para o público que presencia essa selvageria. Não há escolhas. Nenhuma concessão.

Ok, talvez um pouco… Ali, nas matas próximas, dentro de uma cabana isolada, habita um segredo. Talvez o escapismo, um rascunho ou a personificação da realidade bruta. Ali, se experimenta o prazer mais intenso, física e mentalmente. Ali, está a fonte de todas as necessidades corporais, as vontades, os desejos e os impulsos. De certa forma sensual e atraente, mas, ao mesmo tempo grotesco e sujo.

Não é um filme fácil. Não pretende ser. Seco e cruel, a história se torna ainda mais intolerável pela beleza e ritmo com os quais são filmadas. É a essência da maldade, a realidade do medo, o mundano intransigente, os estupros, os enforcamentos, os socos. Tudo natural. Tudo simples. Não é pouco. Apenas insuportável.

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela The Match Factory, incluindo as notas do diretor
RATING: N/T

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TIFF · VENEZA · RIO · PREVIEW

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