Dossiê Oscar 2009: Melhor Fotografia

Um diretor de fotografia responde pelo uso dos filmes, luzes, câmeras, lentes e cores. Enfim, os componentes da produção fotográfica da imagem. É responsável também pelo enquadramento das cenas e pelo avanço e recuo das câmeras e pelos efeitos desses movimentos. A categoria de fotografia tem muito a ver com gosto. São vários critérios subjetivos que influenciam e que dificultam uma analíse precisa de quem é favorito e quem é azarão.

Por curioso que seja, geralmente são escolhidos estrangeiros, melhor dizendo, os “cinematographers” nascidos fora dos EUA, mas que trabalham no Cinema Norte-Americano. Também têm especial predileção pelos britanicos. A admiração pelos europeus comprova-se também pelos Oscars para Sven Nykivist, o fotógrafo de Ingmar Bergman, e os três Oscars para Vittorio Stotaro (REDS, O ÚLTIMO IMPERADOR e APOCALIPSE NOW). Outros exemplos: o australiano Dean Semler (DANÇA COM LOBOS) e os poloneses Janusz Kaminski (fotógrafo habitual de Spielberg) e Conrad Hall (o falecido fotógrafo de Sam Mendes que levou 3 Oscars: ESTRADA PARA PERDIÇÃO, BELEZA AMERICANA e BUTCH CASSIDY). Nesse ano, temos um chileno e três ingleses na disputa.

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? | Anthony Dod Mantle
Resenha | Site Oficial

Um jovem de um bairro pobre de Mumbai, cidade da Índia, decide participar de um programa de perguntas e respostas na televisão. Mesmo sendo analfabeto, ele surpreende a todos ao ganhar o jogo, o que levanta suspeitas de que pode ter trapaceado. O que o rapaz queria, no entanto, era apenas reconquistar a garota que ele ama

Histórico
Essa é a primeira indicação de Anthony Dod Mantle ao Oscar. Ele repetiu a indicação no American Society of Cinematographers, o Prêmio do Sindicato dos Fotográfos.

A Técnica
Usando câmeras digitais em alta definição para poder filmar dentro das verdadeiras favelas indianas, Anthony Dod Mantle mostra a periferia de Bombaim, um lugar incrivelmente sujo e pobre, como um cenário de beleza estonteante. O belo e o grotesco convivem dentro de cada tomada, e quase nunca em harmonia – desse conflito visual emerge grande parte da força do filme.

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O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON | Claudio Miranda
Resenha | Site Oficial

Benjamin Button tem uma característica incomum: Nascido com oitenta e poucos anos, ele rejuvenesce a cada dia que passa. Ainda assim, é um homem como qualquer outro, que não pode parar o tempo e precisa percorrer seu caminho, vivendo a sua história ao lado das pessoas que conhece e os lugares que freqüenta durante a sua jornada. Mas sua história é, principalmente, sobre o amor, e a dificuldade de estar ao lado de uma bela mulher, que envelhece enquanto ele fica mais jovem a cada dia.

Histórico
Essa é a primeira indicação de Claudio Miranda ao Oscar. Ele repetiu a indicação no American Society of Cinematographers, o Prêmio do Sindicato dos Fotográfos.

A Técnica
Claudio Miranda distingue os dois tempos da narrativa através da paleta de cores. As cenas no presente têm o tom frio e azulado de um quarto de hospital; a história de Benjamin Button, o homem que nasceu velho, é filtrada por uma tonalidade pastel, rica em laranjas e marrons.

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A TROCA | Tom Stern
Resenha | Site Oficial

Uma mãe desesperada (Angelina Jolie) reza para que a polícia consiga encontrar seu filho que fora sequestrado. As preces são atendidas, e a criança volta para casa. Mas não demora muito e a mãe começa a desconfiar que aquele menino não é o seu filho.

Histórico
Essa é a primeira indicação de Tom Stern ao Oscar

A Técnica
Tom Stern optou por suprimir as tonalidades mais vibrantes da paleta de cores do filme, iluminando as cenas interiores com holofotes quase sempre posicionado nas laterais, o que gera grandes contrastes e áreas de sombra extensas – em geral, os atores quase sempre interpretam com um lado do rosto iluminado e o outro, sob escuridão. Essa técnica realça os aspectos sombrios da história.

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O LEITOR | Chris Menges & Roger Deakins
Resenha | Site Oficial

Hanna foi uma mulher solitária durante grande parte da vida. Quando se envolve amorosamente com o adolescente Michael, ela não imagina que um caso de verão irá marcar suas vidas para sempre.

Histórico
Essa é a quarta indicação de Chris Menges. Ele ganhou dois Oscars por OS GRITOS DO SILÊNCIO (1984) e A MISSÃO (1986) e também foi indicado por MICHAEL COLLINS – O PREÇO DA LIBERDADE em 1996. Roger Deakins recebeu sua oitava indicação. Nunca ganhou. Concorreu por UM SONHO DE LIBERDADE (1994), FARGO (1996), KUNDUM (1997), E AÍ MEU IRMÃO CADÊ VOCÊ? (2000), O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ (2001), ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ (2007) e O ASSASSINADO DE JESSIE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (2007). Eles também foram indicados no American Society of Cinematographers, o Prêmio do Sindicato dos Fotográfos.

A Técnica
O LEITOR cobre quatro décadas de história com diferentes concepções de fotografia para cada época. A década de 50 é no estilo europeu, com bastante grão e tons de marrom e rosa (nas cenas de amor). A década de 90 é bem nítida, com cores frias e muita transparência. A fotografia abusa dos closes também.

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O CAVALEIRO DAS TREVAS | Wally Pfister
Resenha | Site Oficial

Com a ajuda do tenente Gordon e do promotor Harvey Kent, Batman busca combater o crime organizado, que agora conta com a ajuda do Coringa.

Histórico
É a terceira indicação de Wally Pfister ao Oscar. Ele disputou a mesma categoria em 2005 com BATMAN BEGINS e em 2006 com O GRANDE TRUQUE. Com O CAVALEIRO DAS TREVAS, também concorre ao American Society of Cinematographers Awards, o Prêmio do Sindicato dos Fotográfos.

A Técnica
O CAVALEIRO DAS TREVAS foi parcialmente filmado com câmeras IMAX, cuja projeção em telas gigantescas (21m x 14m) realça a sensação de imersão. Daí um desafio… A equipe de Pfister teve que esconder as luzes. Com o quadro expandido, o campo de visão da plateia é aumentado, na horizontal e vertical. O diretor de fotografia, portanto, não podia iluminar as cenas da forma tradicional. A diferença é visível: A imagem é mais apurada; a resolução é melhor; o contraste também ganha uma saturação de cor mais rica.

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O Oscar de Melhor Fotografia…
Claramente inspirado na fotografia de César Charlone em CIDADE DE DEUS, QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? pode finalmente consagrar a técnica tupiniquim de filmar a miséria. É o trabalho mais ousado, uma explosão de cor e ritmo eletrizante. O Oscar aqui, além de barbada, seria merecido.

Seu principal concorrente é a fita do BATMAN. O jogo de luzes e sombras de Wally Pfister é muito bem feito, mas a vontade de premiar SLUMDOG MILLIONAIRE é maior. Os demais candidatos não oferecem quaisquer riscos.

Colaboração da Explicações Técnicas: Rodrigo Carreiro (CINEREPORTER)

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