O Oscar do Brasil, que horas ele vêm?

Ou melhor: QUE HORAS ELE VOLTA? Porque as primeiras previsões ao redor do mundo, daqueles que já se arriscaram a fazê-lo, já colocam o filme de Anna Muylaert como favorito na categoria de Filme Estrangeiro, ao lado de SON OF SAUL (Hungria) e, talvez, DHEEPAN (França), ambos cotadíssimos desde o Festival de Cannes. E é assim pela interpretação genuína de Regina Casé (Não à toa, ainda que muito timidamente, cotada ao Oscar de Atriz), pelo roteiro extremamente delicado e pela universalidade do tema que conquistou os Festivais de Sundance e Berlim e, depois, o mundo, com estreias na França, Espanha, Alemanha e EUA e seleção em mais de 15 Festivais Internacionais.

Isso agora, faltando 5 meses para as indicações e donde todos os holofotes estão massificados para o filme de László Mesli, martelado a exaustão como favorito, a mesma história dO LABIRINTO DO FAUNO (que perdeu), dA FITA BRANCA (que também perdeu), de VALSA COM BASHIR (Ops! Perdeu), uma categoria conhecida pelas reviravoltas, pelo regulamento esdrúxulo que se propõe e que elimina, etapa por etapa, reconhecidos favoritos. Mas o filme brasileiro segue uma cartilha diferente, diria um “padrão Weinstein” de filme “oscarizável”. Um título que vai pelas beiradas e que, além da qualidade – isso é evidente -, é extremamente universal, um consenso comercial, de crítica e bilheteria, de longo alcance, não só em território americano, mas necessariamente na Europa e no mundo. Um filme para gringo ver, literalmente. Não, por exemplo, O PALHAÇO, que o Brasil submeteu ao Oscar 2013, sim, um belo filme, mas inviável no exterior, por tantos regionalismos e prosa. E simplesmente porque os estrangeiros não “compraram” a ideia, tão pouco o filme de Selton Mello (sem qualquer distribuição no exterior), diferente dO SEGREDO DOS SEUS OLHOS, exibido em 7 Festivais diferentes e distribuído comercialmente em mais de 30 países. Lembro que QUE HORAS ELA VOLTA? já estreou oficialmente em 8 países e sequer foi para o Mercado de Toronto, o principal do mundo para distribuição de filmes.

Tem mais: O “Awards Daily” o cita como melhor filme do ano; Anne Thompson já lhe coloca como provável indicado, o Spoiler mensurou 23,6% de chances de indicação, o que lhe garante um TOP3 nas previsões e, para se ter uma referência, O SOM AO REDOR jamais figurou tão longe nos prognósticos, sempre oscilando entre o TOP10 e TOP15 e HOJE EU QUERO VOLTAR SOZINHO jamais ficando sequer no TOP20.

E agora, na estreia americana, já marca boas médias no IMDB (76), no Metacritic (81) e no BFCA (80), boas referências entre a crítica americana e cujo Ranking de notas geralmente se replica nas indicações. Por tudo isso, o filme, aos poucos se torna extremamente conhecido, amado, idolatrado. Os gringos entendem o filme; Os distribuidores internacionais compraram a ideia. E é a nossa melhor chance desde CIDADE DE DEUS.

PS.: O brasileiro GUIDA também segue forte entre os Curtas de Animação. Olho nele…

A CONCORRÊNCIA…

HUNGRIA
Um país que submeteu nos últimos anos, excelentes títulos, tais como TAXIDERMIA, BIBLIOTHEQUE PASCAL, O CAVALO DE TÚRIM, APENAS O VENTO, O CADERNO e DEUS BRANCO, todos filmes “gourmet” em qualquer Festival, mas não no Oscar que o esnobou escandalosamente e vê agora a chance de redenção com SON OF SAUL, filme de estreia de László Mesli que se tornou fenômeno no recente Festival de Cannes.

FRANÇA
Longe do Oscar desde 2010, e justamente com um filme de Jacques Audiard, donde saiu a última indicação do país com O PROFETA, a França vive o dilema de submeter uma Palma de Ouro à competição, o irregular DHEEPAN ou outros títulos mais interessantes como GAROTAS, SAMBA, LONGE DOS HOMENS, IN THE SHADOW OF WOMEN ou MY GOLDEN YEARS. Seja o que escolher, será forte candidato.

TURQUIA
A terra de Nuri Bilge Ceylan novamente deve voltar seus olhos para a safra de Cannes e escolher MUSTANG, um dos melhores e mais curiosos títulos exibidos na Quinzena dos Realizadores.

COLÔMBIA
De uma irrisória cinematografia que jamais chegou perto de cogitar qualquer indicação ao Oscar, a Colômbia vê na submissão dEL ABRAZO DE LA SERPIENTE, sua melhor chance. Um filme de exuberante fotografia que pode seduzir muita gente (como IDA assim demonstrou).

ALEMANHA
Daqui saíram as indicações dA FITA BRANCA, O COMPLEXO DER BAADER MEINHOF e PINA, e de filmes mais “classudos” como DUAS IRMÃS E UMA PAIXÃO, BARBARA, WHEN WE LEAVE e DO OUTRO LADO. A submissão de LABYRINTH OF LIES parece mais uma aposta no batido tema do holocausto, um clichê que pode dar certo.

JAPÃO
Difícil acreditar que o Japão submeta o belo OUR LITTLE SISTER, do mestre Hirokazu Koreeda, ao Oscar, visto a ultimas escolhas por diretores desconhecidos e estreantes. Se o fizer, seria forte candidato, mas o país prefere outras escolhas que, claro, às vezes dão certo como foi com A PARTIDA em 2009 e CONFESSIONS e 2011

TAIWAN
THE ASSASSIN é um dos mais belos filmes já feitos e, por isso, talvez seja indicado ao Oscar de Melhor Fotografia. Aqui, em Filme Estrangeiro, têm um caminho mais difícil…

ROMÊNIA
Pouco reconhecido na Academia, mesmo com submissões do calibre de INSTINTO MATERNO, ALÉM DAS MONTANHAS, SE EU QUISER ASSOBIAR EU ASSOBIO, POLÍCIA ADJETIVO e 4 MESES 3 SEMANAS E 2 DIAS; A Romênia aposta agora em um filme étnico, em P&B e deliciosamente encantador. Forte candidato.

ÍNDIA
O comitê de seleção da Índia só faz bobagem, como ignorar THE LUNCHBOX em 2013. Agora, tem outra chance com MASAAN, um filme que impacta bastante, principalmente no começo.

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