{"id":28890,"date":"2017-05-11T12:25:54","date_gmt":"2017-05-11T12:25:54","guid":{"rendered":"http:\/\/spoilermovies.com.br\/?p=28890"},"modified":"2017-05-16T17:42:54","modified_gmt":"2017-05-16T17:42:54","slug":"cronica-da-demolicao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/spoilermovies.com.br\/2017\/05\/11\/cronica-da-demolicao\/","title":{"rendered":"Cr\u00f4nica da Demoli\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"
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\u201cConstruir, destruir, decidir. Eis o livre arb\u00edtrio. A cidade se acumula.\u201d<\/em><\/div>\n

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Em princ\u00edpio, o que se v\u00ea \u00e9 a sinfonia da metr\u00f3pole, seus lugares ermos, des\u00e9rticos, ins\u00f3litos, as colunas de concreto, os ve\u00edculos de metal, um grande \u00e9pico ao cimento que nos toma de assalto em vigas e vagas. Esse \u00e9 o triste conto, sen\u00e3o a CRONICA DA DEMOLI\u00c7\u00c3O: Ao fundo enquanto a m\u00fasica nos envolve, algu\u00e9m conta sua hist\u00f3ria, de como arrematou o acervo do Senado Federal por uma ninharia, seus le\u00f5es, os anjos, as estatuas imortais, imemoriais. Era necess\u00e1rio porque o pal\u00e1cio se foi e com ele seu mundo. Hoje \u00e9 o nada. Uma pra\u00e7a de concreto cercada por grades e muretas.<\/p>\n

Ent\u00e3o, voltemos ao passado, ao que fora o Pal\u00e1cio Monroe, a p\u00e9rola dos pavilh\u00f5es estrangeiros, sen\u00e3o o diadema da Feira Mundial de Sant Louis. Um grande monumento erigido em gloria e esplendor e trazido para o Rio de Janeiro, isso em 1904. Deveria ser um monumento. Tamb\u00e9m um pal\u00e1cio. E para que servia? Ningu\u00e9m sabia ao certo, mas se tornou um sal\u00e3o de festas, conven\u00e7\u00e3o ou algo similar. Os jardins p\u00fablicos tinham ilumina\u00e7\u00e3o el\u00e9trica. O pr\u00e9dio era o ponto focal da Avenida Central, o passeio p\u00fablico ficava aos seus p\u00e9s, o p\u00e3o de a\u00e7\u00facar ao fundo. Era a reden\u00e7\u00e3o do colonialismo portugu\u00eas. O que havia de mais moderno, ali na Rio Branco, a principal art\u00e9ria da cidade, seu orgulho e lugar preferido e abra\u00e7ada pelo teatro Municipal e a Cinel\u00e2ndia, outras vedetes desse cen\u00e1rio. Por tudo, era um edif\u00edcio marcadamente da Republica. Ao que representava, n\u00e3o \u00e0 toa se tornou o Senado Federal at\u00e9 as c\u00fapulas de Niemeyer ganharem os c\u00e9us de Bras\u00edlia. <\/p>\n

Tal document\u00e1rio nos seduz: \u00c9 uma visita ao museu, ao que foi o Rio, esse Brasil, idos anos 30, 40, 50 e assim at\u00e9 a ditadura. Um retrato de como a cidade cresce e vertiginosamente, estrangulada entre a praia e os morros. Como frear esse crescimento? Esse espirito \u201cbelle \u00e9poque\u201d? Tudo come\u00e7ou por Pereira Passos que trabalhou na Fran\u00e7a e aqui, teve plenos poderes para intervir e demolir, milhares de casinhas em prol do futuro, quase 70 edif\u00edcios. O Rio se tornaria um canteiro de obras e cuja arquitetura \u00e9 apenas um documento. Atrav\u00e9s dela, se registrou uma hist\u00f3ria, anos e anos de pedra estratificadas. E atrav\u00e9s dos anos, a cidade se tornou um canyon de pr\u00e9dios, similar ao modelo vindo de Nova York, enchendo as lagoas e os p\u00e2ntanos em busca de terra firme, qualquer terreno que n\u00e3o fosse morro ou \u00e1gua salgada. Essa foi a fa\u00e7anha dessa cidade, sua conquista. O pal\u00e1cio Monroe ao fundo logo se tornou um trambolh\u00e3o. <\/p>\n

Depois veio Corbusier e sua arquitetura de pedra e vidro: Maldito em sua terra, logo se tornou divindade no Brasil entre os seus e pelas ideias de morada. O pal\u00e1cio treme, logo se torna um bastardo no caminho das artes, sem sentido, sem passado ou futuro. Ali, no meio do nada, \u00e9 um monstro, um zumbi arquitet\u00f4nico. Havia estudos para derrub\u00e1-lo e colocar no lugar um imenso picol\u00e9 de pedra. Um marco que separaria a mem\u00f3ria da modernidade, o bem do mal. E com a mudan\u00e7a do Senado, como ocup\u00e1-lo? Outro problema…<\/p>\n

A cidade \u00e9 um pasto de neg\u00f3cios financeiros e pol\u00edticos, os carros viriam com a especula\u00e7\u00e3o, senhores da rua e dessa destrui\u00e7\u00e3o. V\u00e1rios pr\u00e9dios ca\u00edram para o vazio, tantos outros, uma lista imensa da mem\u00f3ria, hoje, destru\u00eddos, meros espa\u00e7os vazios, estacionamentos. Chegamos em 1975. E com ele, o trator. Cai os pr\u00e9dios do Derby Club e Jockey Club. O Metro chega avassalador. O carioca exulta com esse milagre econ\u00f4mico, e isso no terreno mais valioso, diante do qual o Monroe finca os p\u00e9s como um tesouro e um trambolho. Decidiu-se por demoli-lo. Quem? Ningu\u00e9m sabe. A ditadura venceu. E com ela a especula\u00e7\u00e3o. Mas o que veio foi o choque de mem\u00f3ria. E um belo document\u00e1rio. <\/p>\n

RATING: 82\/100 <\/strong><\/span><\/p>\n

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