{"id":13519,"date":"2012-02-26T08:56:12","date_gmt":"2012-02-26T11:56:12","guid":{"rendered":"http:\/\/spoilermovies.com.br\/?p=13519"},"modified":"2012-02-26T08:56:12","modified_gmt":"2012-02-26T11:56:12","slug":"a-eterna-juventude-de-deuses-e-monstros","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/spoilermovies.com.br\/2012\/02\/26\/a-eterna-juventude-de-deuses-e-monstros\/","title":{"rendered":"A Eterna Juventude de Deuses e Monstros"},"content":{"rendered":"
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\u00c0 v\u00e9spera da quebra da Bolsa de Nova York, no ano em que o Empire States come\u00e7ou a ser constru\u00eddo e o g\u00e2ngster Al Capone foi condenado, a ind\u00fastria cinematogr\u00e1fica viveu uma revolu\u00e7\u00e3o: O cinema, t\u00e3o jovem e t\u00e3o ing\u00eanuo, falou pela primeira vez e (en)cantou o mundo com um cantor de jazz. <\/p>\n

Dois anos depois, em 16 de Maio de 1929, o mesmo cinema unificou sua voz e falou atrav\u00e9s de 200 personalidades em um tranquilo banquete no Hollywood Roosevelt Hotel. Celebrava, assim, o segundo anivers\u00e1rio da rec\u00e9m-formada Academia e se aplaudiu os vencedores do primeiro Oscar da institui\u00e7\u00e3o onde \u2013 veja s\u00f3 – todos os filmes premiados eram mudos. <\/p>\n

84 anos depois, \u00e0 v\u00e9spera da quebra do Euro, com o 11 de Setembro T\u00c3O FORTE E T\u00c3O PERTO e Al Capone j\u00e1 retratado em mais de 50 filmes, a ind\u00fastria cinematogr\u00e1fica vive outra revolu\u00e7\u00e3o: O cinema, agora centen\u00e1rio, extravasou a tela em busca de uma terceira dimens\u00e3o e encantou o mundo com eco-alien\u00edgenas azuis. \u00c9 um apelo diante da pirataria digital: A esperan\u00e7a de retornar o cinema ao seu Monte Olimpo, reviver sua Era de Ouro, seu glamour, sua apoteose de Deuses e Monstros. Enfim, a esperan\u00e7a de renovar e celebrar suas origens. <\/p>\n

Ent\u00e3o que seja \u2013 e curiosamente – atrav\u00e9s de ASAS: O \u00fanico filme mudo a ganhar um Oscar de Melhor Filme. E \u00e9 assim, com pompa e circunstancia, com restaura\u00e7\u00e3o vibrante e meticulosa, que a AMPAS celebrou no Samuel Goldwyn Theater, os 100 anos da Universal Pictures, as suas ra\u00edzes e, principalmente, os filmes \u2013 Sua raz\u00e3o de existir e seu lema em 2012. <\/p>\n

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E n\u00e3o \u00e0 toa, uma semana depois, se anuncia os indicados ao Oscar 2012, talvez o \u00faltimo de nossa humanidade segundo os Maias, e, surpresa: O ARTISTA, filme mudo, franc\u00eas, que festeja a aurora do cinema hollywoodiano levou 10 indica\u00e7\u00f5es. Seu oponente \u00e9 simplesmente A INVEN\u00c7\u00c3O DE HUGO CABRET, filme em 3D, americano, que festeja a aurora do cinema europeu e 11 indica\u00e7\u00f5es. O resultado desse embate de lembran\u00e7as perdidas, nada mais \u00e9 que um convite \u00e0 nostalgia, ao CREP\u00daSCULO DOS DEUSES e a um cinema quE O VENTO LEVOU.<\/p>\n

\u00c9 natural, portanto, que O ARTISTA, o filme que emudeceu Cannes com sua ousadia, seja o favorito em cada uma das categorias que concorre, mas principalmente em Filme e Diretor. Porque n\u00e3o existem palavras adequadas para descrever a sinergia que \u00e9 essa historia. Um filme para ver e sentir. Um tesouro que Michel Hazanavicius nos prop\u00f5e. Uma visita \u00e0 Hollywood dos anos 20, onde B\u00e9r\u00e9nice Bejo se torna a nova estrela do cinema falado enquanto o brilhante astro do cinema mudo, Jean Dujardin, desce ao inferno. E eis um inusitado melodrama, em preto e branco, para radicalizar as mega-produ\u00e7\u00f5es 3D de nosso s\u00e9culo. <\/p>\n

E \u00e9 natural que A INVEN\u00c7\u00c3O DE HUGO CABRET, uma inusitada aventura que veio para radicalizar as mega-produ\u00e7\u00f5es 3D de nosso s\u00e9culo, seja seu oponente. Porque \u00e0queles que leram o livro hom\u00f4nimo de Brian Selznick, primo de David O. Selznick, um dos maiores produtores da hist\u00f3ria do cinema, vencedor do Oscar por E O VENTO LEVOU e REBECCA, logo v\u00e3o compreender rapidamente o qu\u00e3o este livro \u00e9 simplesmente perfeito para um cin\u00e9filo como Martin Scorsese. Mais do que apenas um romance, eis uma historia que combina imagens e palavras em um tom perfeito para um filme. \u00c9 assim porque logo nas primeiras palavras, nos primeiros esbo\u00e7os, tudo parece nos levar a uma sincera e profunda homenagem \u00e0 imagem em movimento. Em suma, um livro como este, al\u00e9m de uma grande hist\u00f3ria, \u00e9 um retorno \u00e0s ra\u00edzes, primeiro para as crian\u00e7as, mas tamb\u00e9m para um p\u00fablico mais amplo. Serve para Scorsese sair da M\u00e1fia, da It\u00e1lia, de Nova York, De Niro e DiCaprio. Sem viol\u00eancia, sem psicose, sem Cristo e fazer uma viagem \u00e0 inf\u00e2ncia, \u00e0 magia, ao sonho e, principalmente ao show.<\/p>\n

E \u00e9 o show que Hollywood almeja: Sua mat\u00e9ria prima. E \u00e9 por tudo que O ARTISTA representa, corteja, encanta, saboreia, dan\u00e7a, sapateia e, principalmente, sorri que lhe credencia ao favoritismo incondicional do Oscar 2012. Isso e a centena de Pr\u00eamios precedentes concedidos pela cr\u00edtica – seja pela americana (com o Critics Choice), seja pela estrangeira (com o Globo de Ouro) \u2013 e pela ind\u00fastria em geral, e falo das Guildas americanas, dos ingleses (atrav\u00e9s do BAFTA), dos espanh\u00f3is (atrav\u00e9s do Goya) e finalmente dos franceses (atrav\u00e9s do C\u00e9sar).<\/p>\n

O resto \u00e9 fuma\u00e7a. HIST\u00d3RIAS CRUZADAS para confundir e iludir. Boatos para tornar uma premia\u00e7\u00e3o previs\u00edvel em algo imprevis\u00edvel. Muitos dos Oscarbuzzers falam de uma poss\u00edvel vitoria do filme de Tate Taylor. Digo que \u00e9 bem improv\u00e1vel (Uma vitoria seria realmente o pren\u00fancio do fim dos tempos). \u00c9 assim porque um filme com apenas quatro indica\u00e7\u00f5es, esnobado em Dire\u00e7\u00e3o e Roteiro, geralmente n\u00e3o ganha um Pr\u00eamio desses. Houve casos? Sim, mas n\u00e3o deve se repetir em 2012 pelo bem do cinema.<\/p>\n

Se houver uma alternativa, uma terceira via, ent\u00e3o a possibilidade \u00e9 (s\u00e3o) os favoritos na categoria de Roteiro. De um lado, o adaptado (OS DESCENDENTES); Do outro, o original (MEIA-NOITE EM PARIS). Ambos, a sua maneira, cortejando o passado e cortejando o futuro. <\/p>\n

\u00c9 curioso como o Oscar 2012 tenta desesperadamente rever o passado. Entre os coadjuvantes, concorrem dois medalh\u00f5es do cinema. Juntos somam 340 t\u00edtulos. Jamais ganharam. Hoje \u00e9 (ser\u00e1) o grande dia de um deles. Em primeiro lugar, Plummer, Mas Max Von Sydon tem mais idade \u2013 mais hist\u00f3ria, Ingrid Bergman no curr\u00edculo… Enfim, \u00e9 uma possibilidade. Entre as coadjuvantes, as hist\u00f3rias se confundem (cruzadas?): Octavia Spencer e Jessica Chastain, amigas em tela, advers\u00e1rias nos holofotes, se destacam para o Pr\u00eamio, mas sem grandes d\u00favidas. A atriz negra deve repetir, f\u00e1cil, o feito de Hattie McDaniel em 1940.<\/p>\n

Para os protagonistas, a disputa \u00e9 mais intensa. George Clooney, aos poucos, conforma-se com seu clone franc\u00eas: Dujardin parece um contender imbat\u00edvel, mas teve um duro golpe de seu povo: Perdeu o C\u00e9sar e, assim, o favoritismo pleno. Entre as atrizes, nada definido. A DAMA DE FERRO com sua 17\u00aa indica\u00e7\u00e3o \u00e9 uma amea\u00e7a \u2013 sempre foi – , mas uma esp\u00e9cie de hors concours. Melhor apostar em Viola Davis ou, at\u00e9 mesmo, em Michelle Willians, pois nunca se sabe como os votos se dividiram.<\/p>\n

Fato que n\u00e3o deve se repetir com RANGO. Outra homenagem, outro retorno \u00e0s inquietas origens, ao mainstream avant-garde dos tr\u00eas Sergios (Leone, Corbucci e Sollima) e, ao mesmo tempo, um salto tecnol\u00f3gico que redefiniu a anima\u00e7\u00e3o. Um faroeste genu\u00edno, ora regido pelo tom alucin\u00f3geno, ora por Carlos Casta\u00f1eda (ou mesmo o tatu-guru a procura do esp\u00edrito do oeste). Sim, o Oscar olha para tr\u00e1s e, parece, no rumo certo. E n\u00f3s, extasiados, cantamos na chuva em plena felicidade por esse retorno.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

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