Fragmentado

PRECISAMOS FALAR SOBRE KEVIN, ou Barry, ou Hedwig, ou Dennis, ou Patrícia, não importa, porque o monstro por trás dessa roleta russa é James McAvoy: A besta que vem e vai da luz, o suspense que surge e desaparece dos holofotes com um gesto, um olhar, a voz, o caminhar, tão sobrenatural, ou supernatural, como qualquer outro filme de M. Night Shyamalan, mas aqui, tão avassalador como qualquer outro personagem de outrora, tão espantoso em cada identidade, em toda uma filmografia, tantos plots e argumentos. Um piscar e tudo se esvai… um personagem, outra personalidade, outro alguém, e mais outro, e de novo, todos em sincronia para nos assombrar, e em particular três jovens nesse filme cativeiro, nesse QUARTO DE JACK, ou Kevin, ou Dennis, e dali estamos perdidos, diante de alguém (Quem é você?), o ego fraturado, o cérebro FRAGMENTADO, O SEXTO SENTIDO, o CORPO FECHADO, um monstro, uma fera. Inominável. Inimaginável.

Sim, “Kevin Wendell Crumb fez uma bagunça” e Shyamalan filma o seu gênio: Em cena, a claustrofobia, o inusitado, a dissociação dos traumas, o jogo de caça e caçador, tantas psicoses e ilusões. O transtorno filmado no jogo de enquadramentos, as facetas nos cortes secos, abruptos. Tudo aos olhos de uma garota, outrorA BRUXA, agora vitima, Anya Taylor-Joy faz o contraponto, o diagnóstico e o suspense, enquanto a parte clinica fica com a Dr. Karen Fletcher, a narradora pelo qual o cineasta explica a doença e cada pista do roteiro.

Um argumento hermeticamente engenhoso, cujo medo se constrói pelo cenário e as opções, a câmera colada nos atores, muito de perto, para enquadrar cada reação, as lagrimas, a ansiedade, o tempo. Mesmo no final, diria um pouco absurdo, diante da 24ª personalidade, o cineasta mantém seu filme em plena tensão, no pino das fechaduras, nas portas entreabertas, escondido no armário, no escuro, nos salmos de morte. Corte seco. Tela negra. Falta de memória. Flashback. Troca de personalidade. E por esse frenesi, vemos um carrossel de horrores que fascina, sensibiliza e desespera, que sugere um final em aberto, uma continuação ou o melhor cameo de todos os tempos. Você escolhe.

RATING: 76/100

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