A Juventude


Que filme! Que epifania! A JUVENTUDE filma a essência da arte, do cinema, da música e o faz confrontando o novo e o velho, o belo e o feio, em êxtase, em melancolia, enfim nA GRANDE BELEZA do existir, do sentir, das emoções. O final é grandioso. A cena é épica. Tão simples como a sinfonia do maestro, mas de uma intensidade atroz. É ali que Michael Caine arranca suas Palmas, seu Oscar. Bravo maestro! Bravo Sorrentino! Ao meu lado, alguns choravam, outros se negavam a sair do cinema. Eu mesmo saio perdido, desorientado, ainda sobre o efeito desse filme, em silêncio, talvez embriagado, ou sob o efeito dessa música, dessa geniosa orquestração de sentidos. Os violinos, as vozes, a melodia… Così bella. Belíssimo.

Mas voltemos ao inicio, ali, nessa grande hotel (Budapeste?), Fred e Mick vão desfrutar um período de férias ao sopé dos Alpes suíços. Michael Caine é o compositor, um maestro aposentado que não tem intenção de retornar à sua carreira musical, mesmo a convite da rainha. Enquanto Harvel Keitel é o diretor, ainda a trabalhar, mas com a promessa de fazer seu ultimo filme, um testamento, “o último dia da vida”.

E ao redor deles, orbitam a poesia e o lirismo, a beleza e as memorias, afinal a plena solitude. Hoje não hoje, ser ou não ser, o tempo passa vagarosamente, o vento, as vacas, as vidas. E o maestro compõe sua música, pleno, sereno. Cada cena permeada de melancolia, os corpos ávidos de beleza e harmonia, sempre emudecidos, sempre apáticos. Solitários. No que pensam? No futuro? No passado? Seu silêncio é onipresente, pictórico, mas depois eclode a musica, a bela trilha que acompanha todo o filme e com ela, as reflexões, as experiências, os sentimentos, as longas caminhadas de um esplendor adormecido.

O palco gira, os sinos tocam, os pássaros cantam, estamos em comunhão com esse cinema, Quase que levitando. Em fogo vivo, contemplamos a natureza em seu ínfimo: O “ser” humano, o “ser” vital. Isso é cinema! A (grande) arte que Jane Fonda vem nos avisar está morta. Não está. A última cena diz isso. E sem quaisquer palavras, diz tudo.

RATING: 74/100

TRAILER

Article Categories:
FILMES · CANNES · TIFF

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