Dossiê Oscar 2009: Melhor Filme Estrangeiro

O OSCAR em língua não-inglesa… É assim, com esse nome bem xenófobo, que a Academia denomina a sua categoria mais confusa e imprevisível. A questão básica é muito simples. O OSCAR é basicamente uma ação para promover o cinema norte-americano em todo o mundo; É um grande e muito bem sucedido trabalho de marketing, e os estrangeiros estão ali apenas para justificar a globalização. Dá a sensação que eles “furaram”a festa alheia.

Eles tomam o máximo de cuidado e criam o máximo de dificuldades para que esse prêmio não venha tomar uma dimensão grande demais, que possa empalidecer o produto nacional. E basicamente, americano não gosta de filme legendado, (O problema das dublagens nunca foram resolvidos a contento) e não se interessam pela cultura estrangeira.

Há várias regras esdrúxulas e complicadas para tornar um filme elegível. Mas não é suficiente. Existe um comitê voluntário que se oferece para assistir os filmes. São divididos em grupos e nem sempre vêem o filme até o final. Assim, o filme que começa lento ou tem narrativa arrastada é logo descartado (Foi o caso de ABRIL DESPEDAÇADO). Este comitê é que escolhe os cinco finalistas , e isso explica porque há um numero tão notável de filmes famosos que ficaram de fora, por vezes absurdamente.

VALSA COM BASHIR | Israel
Resenha | Site Oficial

Uma das mais curiosas produções do ano, é um misto de documentário com animação – e, em ambos os casos, o primeiro do gênero a ser indicado ao Oscar! Dirigido por Ari Folman e baseado em sua própria história, a fita trata da participação dele na Guerra do Líbano, em 1982. Ganhou o Globo de Ouro, o Broadcast, o British Independent Awards e o prêmio dos Críticos de Los Angeles, além de ter sido indicado ao Bafta, ao Satellite, ao César e ao European Film Awards. Bastante elogiado, foi selecionado para o Festival de Cannes, ganhou todos os principais prêmios cinematográficos de Israel e chega como favorito. Essa é a oitava indicação de Israel ao Oscar!

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ENTRE OS MUROS DA ESCOLA | França
Resenha | Site Oficial

ENTRE OS MUROS DA ESCOLA é o principal concorrente de Israel pela estatueta, por ter ganho a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Foi indicado ainda ao Satellite, ao Independent Film Awards, ao European Film Award e ao César (o Oscar francês). Dirigido por Laurent Cantet, é o retrato de um ano na vida de uma sala de aula parisiense e as relações que surgem entre os alunos e com o professor. Esta é a 35ª indicação da França, que ganhou 9 vezes, inclusive com clássicos como A NOITE AMERICANA (1973), O DISCRETO CHARME DA BURGUESIA (1972), UM HOMEM UMA MULHER (1966), ORFEU NEGRO (1959) e MEU TIO (1958).

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O COMPLEXO BAADER MEINHOF | Alemanha
Resenha | Site Oficial

É no mínimo curioso ver um filme dirigido por Uli Edel, o mesmo do soft-porn CORPO EM EVIDÊNCIA, com Madonna (pelo qual foi indicado às Framboesas de Ouro de Pior Diretor), indicado ao Oscar. Mas pelo jeito, estar de volta às origens lhe fez bem. Foi indicado também ao Globo de Ouro e ao Bafta. No elenco, o nome mais conhecido é o que Moritz Bleibtreu, de CORRA LOLA CORRA. O filme narra a história real de um grupo terrorista que agiu entre os anos 60 e 70, e é baseado no livro não-ficcional de Stefan Aust. Esta é a 17ª indicação da Alemanha, que ganhou em 3 ocasiões: O TAMBOR (1979), LUGAR NENHUM NA ÁFRICA (2002) e A VIDA DOS OUTROS (2006).

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REVANCHE | Áustria
Resenha | Site Oficial

Premiado nos festivais de Berlim e Palm Springs, essa produção foi uma das mais aplaudidas no cinema austríaco em 2008. A trama é sobre um assalto mal sucedido numa pequena cidade no interior do país e da relação de um dos rapazes do grupo com o avô, habitante do local. É escrito e dirigido por Götz Spielmann, cineasta local de bastante repercussão. É a terceira indicação ao Oscar da Áustria, tendo sido premiada, ano passado, por OS FALSÁRIOS.

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DEPARTURES | Japão
Resenha | Site Oficial

DEPARTURES é uma produção bastante popular no seu país de origem que ganhou os prêmios do público nos Festivais de Palm Springs e Hawaii, além de ter sido escolhido Melhor Filme nos festivais de Nikkan, Montreal, Mainichi e de Hochi. Dirigido por Yogiro Takita, conta a história de um músico desempregado que acaba indo trabalhar numa funerária e descobrindo um novo sentido para a vida. É a 12ª indicação do Japão ao Oscar, que nunca ganhou – apenas 3 prêmios honorários, por “RASHOMON” (1951), “PORTAL DO INFERNO” (1954) e “SAMURAI, A LENDA DE MUSASHI” (1955), todos entregues antes da categoria de Filme Estrangeiro ser instituída.

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O Oscar de Melhor Filme Estrangeiro…
O Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, basicamente, é um concurso de Miss, onde cada filme passa por uma maratona de seleções e sub-seleções até a indicação final. Ao italiano GOMORRA, por exemplo, foi vetado o direito de concorrer – A fita ficou no meio do caminho, como CIDADE DE DEUS, VOLVER e 4 MESES 3 SEMANAS E 2 DIAS em edições anteriores. Uma vergonha!

Dizem as apostas que ENTRE OS MUROS DA ESCOLA ameça. Não acredito. O filme de Laurent Cantet goza de prestígio suficiente com sua Palma de Ouro e sobrevive bem sem o Oscar que deve realmente ir para Israel, na figura da animação VALSA COM BASHIR. Um feito sem precedentes. Depois das indicações, onde todo mundo vota em todo mundo, a categoria misteriosamente se alinha e dá a lógica.

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