Beach Rats

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BEACH RATS abre em faíscas, nos flashes adolescentes, nos selfies de massa, nas imagens de torso nu, nos músculos e nos bíceps e tríceps trabalhando e trabalhando, os pelos, os peitos, os lábios. É um filme em constante tensão sexual, a história de um jovem em conflito consigo próprio, em constante desejo, devaneios, as drogas como alçapão. Um garoto a margem da sociedade, da vida adulta, indo e vindo do armário, buscando namoradas em parques e aventuras na estrada. “Não, ele não é gay. Ele tem namorada”. “Não, ele não se acha gay, mas transa com eles”.

E é por essa indefinição, que Eliza Hittman filma um fiapo de história, talvez um verão, como dita esse gênero “coming age”, mas não aqui, porque a cineasta prefere a noite, o limbo, seu protagonista a esmo, vagando pelos amigos, as festas, as baladas e, quando está entediado, os sites adultos em busca de algo mais, talvez maconha. Sua família atravessa o luto, sua mãe perde o marido e o filho, enquanto a irmã, também adolescente, descobre, ela própria, suas paixões, um outro amiguinho, um beijo, um piercing.

Eliza filma seu argumento de uma forma quase inocente, em tons pastéis, muito suave, um pouco desbotado e luminoso. As dúvidas não se veem na tela, mas na expressão do jovem Harris Dickinson, seus lábios e olhar sempre em evidência, como se estivesse enfeitiçado, como se buscasse enfeitiçar seu público. Um grande enigma – e em eterno close up – que atravessa toda a projeção, frame por frame, da mesma forma. Os amores vêm e vão. Os colegas vão e vêm. E ele começa e termina seu filme do mesmo jeito: Sozinho. UM ESTRANHO NO LAGO. Um “estranho” na praia. Seu armário é seu túmulo.

RATING: 72/100

TRAILER

Article Categories:
FILMES · SUNDANCE · LOCARNO · FILMES LGBT

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