Guerra, Paz & um Jet-Ski

Prometia-se guerra: Discursos inflamados, apaixonados, extremamente políticos. A interjeição de um Basta! A bandeira do “Times Up!” fincada em cada Prêmio, a cada mulher no palco. Não foi assim. A guerra que se viu, foi uma breve homenagem ao gênero. Foi DUNKIRK levando Seus Óscares de Som e Montagem. O #Oscar2018 foi PEQUENA GRANDE VIDA. Não houve discurso. Não houve panfleto. Foi uma prosopopeia de homens disputando um jet-ski. As mulheres estavam ali, as atrizes entregando suas estatuetas, Greta Gerwing aplaudindo da plateia. Não passou disso. Em certo ponto, Frances McDormand ganhou. E como prometido, conclamou suas companheiras a subir ao palco, a lhe seguirem nesse discurso. Uma a uma, ainda que lentamente, elas se levantaram, aplaudiram, mas não se mexeram… ficaram ali, plantadas, imóveis. Foi o melhor discurso da noite? Foi… que saudades de Viola Davis.

Prometia-se guerra, o Oscar trouxe paz: Roger Deakins finalmente ganhou seu Prêmio de Fotografia, James Ivory levou o seu de Roteiro. Gary Oldman recebeu a sua estatueta, que estava guardada desde DRÁCULA. Alison Janney, como Coadjuvante que é, também foi agraciada. Teve UMA MULHER FANTÁSTICA, a MULHER-MARAVILHA fazendo as pazes com o público (Que papelão, Oscar…). Foi só isso. Que insípido.

E, pela tradição, a Palma de Ouro trouxe sua maldição, THE SQUARE perdeu, esnobado, esquecido, SEM AMOR. O Festival de Veneza, por outro lado, trouxe sorte ao Leão. Então, viva! Viva o México! Viva Gael Garcia Bernal cantando desafinado, a voz trêmula como o do Pequeno Coco. Os 90 anos do Oscar pareciam Gael no palco. Tímido, desajeitado, vez ou outra bradando “This is me!”. Vamos! “Stand up for Something!”. Homens e Mulheres batendo tambores em marcha, em protesto, mas similar ao filme de Alexander Payne, a cerimônia foi “DOWNSIZING”, aliás foi pior que isso porque Matt Damon não foi. Sequer nas piadas de Jimmy Kimmel esteve.

O Oscar prometia LADY BIRD, Greta Gerwing, Dee Rees, Agnès Varda, Rachel Morrison… sim! É hora de voar! Vamos! Viva as Mulheres! Mas tudo não passou de um conto de fadas, a história de uma mulher que se apaixonou por um monstro. Tão triste. Tão romântico. Me pareceu justo. Injusto foi ver tão poucas mulheres no Teatro Dolby. E tão vacilantes a se juntar a McDormand no palco. Seria épico, não foi. Miraram o céu, o outro lado da linha do trem, mas se contentaram em ver Helen Mirren demonstrando um jet-ski. (E não, ela não é o prêmio como frisou o apresentador).

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