Foxtrot


Eis a guerra, senão o filme de Samuel Maoz: A devastação de um pai, de uma mãe, frente a morte do filho em um combate qualquer, de um conflito qualquer. Ele, cada vez mais frustrado pelo luto, o abraço de parentes zelosos, as condolências de militares-burocratas, todos bem-intencionados. Ela, sedada, apática, sem vida, sem chão. A história de um homem, outrora pai, nesse turbilhão de raiva, em busca dos porquês, senão as torções insondáveis da vida, que rivaliza com as experiências militares (ou surrealistas?) do filho.

Então, a surpresa… que filme é esse que Samuel Maoz nos apresenta? É mambo? É FOXTROT? É, senão, a dança de um homem com seu destino, a dança de um menino com o capeta. A parábola filosófica (sem sentido?) em busca desse vago conceito de viver e lutar, isso através de uma história de pai e filho. Eles, tão longe um do outro, que desprezam a diferença e a separação total entre eles e, aos poucos, se aproximando do destino de cada um e, claro, os seus próprios. O desafio – desse cinema, inclusive – é lidar com a lacuna entre as coisas que se controla e as que estão além do controle.

Em nota, o cineasta queria contar uma história que seria relevante para a realidade torta em que ele, nós, todos vivemos. Uma história com uma declaração relevante – local e universal. Uma história sobre duas gerações – a segunda geração dos sobreviventes do holocausto e a terceira geração – e cada um deles experimentando seus traumas durante o serviço do exército. Parte dessa incessante situação traumática foi forçada e parte dela poderia ter sido anulada. Um drama sobre uma família que se separa e se reúne. Um conflito entre amor e culpa; Amor que lida com a grande dor emocional. E, como no seu filme anterior, LÍBANO, a mesma crítica e compaixão, a dinâmica criada em unidade fechada. Outrora num tanque, agora em família. Na causa e efeito, no caos e coincidência… E a coincidência, já dizia Einstein, é a maneira de Deus de permanecer anônimo…

(*) Crônica livremente inspirada do material cedido pela The Match Factory, incluindo entrevista com o diretor
RATING: 81/100

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REVIEW · SUNDANCE · TIFF · VENEZA

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