Clash


CLASH (2016)Um presidente eleito, deposto. Eis o golpe. De direito. De estado. O CLASH que se pronuncia no Egito e Mohamed Diab filma nesse thriller com grande ousadia. Os personagens, ali, lançados a própria sorte. De direita. De esquerda. Velhos. Crianças. Mulheres. Partidários. Gente comum. Inimigos. Parentes. Todos são trancafiados. Presos nesse furgão policial enquanto lá fora, o mundo implode. Pelas janelas, vemos a marcha, o protesto. A fúria. Depois o confronto e o apedrejamento.

Quem são? Ativistas? Jornalistas? O povo? Não importa. Estão ali por várias razoes e convicções e essencialmente rendidas por algum erro. Há uma família. A esposa é enfermeira. O pai provavelmente é um servidor público. O filho é adolescente. Há dois jovens, um deles certamente não é ativista. É apenas um D.J que está ali pelo amigo. Há um morador de rua. Ele quer vingar a morte de seu cachorro. Do outro lado, há os Muslin Brothers, uma resistência clandestina e alguns simpatizantes religiosos.

Todos ali, em colapso, em luta, direita ou esquerda, jovens ou velhos, em retaliação ou não. Confinados. Indignados. Essa é a origem do extremismo. A semente do Daesch, do Had Badr, do Safadi e seu consequente ciclo de violência e intolerância. Um estopim deflagrado por aqueles que perderam o pai, o filho, o ódio tão fácil de recrutar e ali tão latente, sufocados em 8m2 de espaço, de filme, de caos, por todos os lados, em todas as direções. E é terrível.

Também magnifico pelo o quão visual as cenas são pensadas e filmadas. 500 figurantes fizeram as manifestações. Tudo foi ensaiado e improvisado. O tiroteio causou um pânico inacreditável. A câmera reflete isso em chicotes, nos estalos da montagem picada, na agonia de cada rosto. Seu desespero. E o filme não toma partido, não escolhe heróis. Apenas registra. Até o fim. E é o fim? Sinceramente não sei.

RATING: 75/100

TRAILER

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FILMES · CANNES

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