Personal Shopper


PERSONAL SHOPPER é uma história de fantasmas, de Kristen Sterwart e do invisível e, confesso, não “comprei a ideia” do filme, como alguns críticos aqui em Cannes, ou a própria personagem na tela. Também não é para se vaiar. É, digamos, equivocado. Basicamente um filme sobre o Espiritismo, isso teorizado de várias formas, evocando arte abstrata, Hilma af Klint, as irmãs Folks ou Victor Hugo, mas do ponto de vista da filosofia em si, contém sérios erros doutrinários. Ingênuos diria.

A protagonista é uma médium. Sente os espíritos. A sua presença. Na primeira cena isso é visto, uma materialização, um ectoplasma, o CGI amorfo (!). Kristen vagueia pela casa em sua busca, dessa alma que se comporta como poltergeist, abre as torneiras da cozinha, do banheiro. Qual a necessidade disso? E depois, não satisfeito, começa a quebrar os copos, projeção afora, filme adentro, um, dois, três… todos se espatifam no chão. Susto barato. Fenômeno circense que, sabe-se, não se manifesta desde algumas décadas. Tal qual as “mesas girantes”, fenômeno precursor do Espiritismo cujas manifestações tiveram o intuito exclusivo de chamar atenção dos vivos para um mundo espiritual. Feito isso, doutrina codificada, não houve mais necessidade de tais efeitos que demandam muita energia do espirito e da médium ao ponto de esgotá-los por completo. E não como visto na tela, de uma Kristen eufórica a correr pela casa e o jardim. Como o filme se vende como algo sério, justificando toda a filosofia espirita, isso grita aos olhos. Soa fake.

Ignorando esse fato, assumindo que PERSONAL SHOPPER é um filme de suspense cult e sob o estigma do gênero, com seus fantasmas, visões e obsessões, vale sim ressaltar o trabalho de direção e toda a construção da fobia em cena, no trem, um longo chat com o invisível, momentos de boa tensão e, depois, no hotel, outra cena interessante no elevador (Que tem um momento “DEEPHAN” derradeiro…).

E assim, outrora ACIMA DAS NUVENS, além do CREPÚSCULO, Kristen retorna às telas com os pés no chão e a cabeça (ainda) nas nuvens: Vinte e poucos anos, um emprego que odeia, basicamente uma PERSONAL SHOPPER, cujo trabalho nada mais é que revisar guarda-roupas de celebridades. E também nesse armário, remoer velhos fantasmas, o espirito do irmão, algumas mensagens ameaçadoras, enquanto Olivier Assayas filma seu thriller no submundo fashion, senão outro capitulo de (ser) celebridade, como no maravilhoso SILS MARIA, mas agora com uma dimensão um pouco mais fantasiosa e bem abaixo das expectativas. Uma pena.

RATING: 65/100

TRAILER

Article Categories:
FILMES · CANNES · TIFF · RIO

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