Toni Erdmann


Surpreendente TONI ERDMANN… Uma comédia nonsense, grotesca, familiar, outrora favorita à Palma de Ouro, talvez pelo retrato corporativista de uma mulher, talvez pelo jeito freak de um pai, ou talvez pela própria comedia screwball, isso em quase 3 horas de projeção. O que surpreende mesmo é o fato desse filme se destacar em competição, ao menos pela crítica internacional. Não sei dizer o porquê.

Basicamente é uma (longa) projeção de dois personagens em eterno conflito, o pai e a filha, o sucesso e o fracasso, a ordem e o caos, tudo pincelado no absurdo. O personagem título é extremamente irritante, gosta de subverter as regras, ser diferente, o que colide diretamente com a personalidade da filha, extremamente correta e calculista. Desse embate, cria-se os esquetes anarquistas, dadaístas, surrealistas e ad eternum. As emboscadas sem graça, as personalidades falsas, as fantasias, as perversões, as perucas, aquela dentadura, o horror! O horror!

O porquê de a filha desdenhar o pai e, de repente, levar essa mala sem alça consigo, pondo em risco tudo o que é importante em sua vida, jamais é explicado. Em nenhuma cena. O importante, parece, é a farsa bufão. A ilusão. O riso fácil. Um pai que quer sua filha apenas para se divertir. E é constrangedor. Para nosso espanto ou prazer, para o bem ou para mal. Na verdade, sinto vergonha alheia. E certa decepção: A (promessa de) um tema tão interessante, que imediatamente nos remete à ERA UMA VEZ EM TÓQUIO, de Yasujirô Ozu, à HANAMI – CEREJEIRAS EM FLOR, de Doris Dörrie, mesmo nos “Os catadores de Concha”, de Rosamunde Pilcher, aqui, desperdiçado nessas 3 horas e numa fantasia de macaco.

RATING: 62/100

TRAILER

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FILMES · CANNES · TIFF · RIO

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