Sully

Da decolagem à revoada de pássaros, da súbita interrupção dos motores à iminente catástrofe. São 208 segundos para decidir. 155 pessoas a bordo. Três opções: Retomar ao Aeroporto de LaGuardia, tentar um pouso em Teterboro ou algo inédito, impossível, impensável. Diante de si, o gélido Rio Hudson. A cidade de Nova York. Seus prédios. As pessoas. O avião está baixo demais. Não há mais tempo para decidir. Pegou fogo. Explodiu. É um pesadelo. Talvez sorte.

Daí em diante são 96 minutos de projeção: Da minuciosa investigação das hipóteses, do estudo exato das simulações, o cálculo preciso das consequências, o tribunal dos fatores de risco, todo o sistema, as estruturas, a performance, o controle aéreo… tudo versus Chesley Sullenberger. O estado contra SULLY, em busca por respostas que não existem, pelos erros humanos que não houveram. Não, “não foi uma queda, foi um pouso forçado na água”. Premeditado e sucedido.

E desse voo, Clint Eastwood desconstrói um ato em infinitas probabilidades. Seu filme de catástrofe se tornando algo mais sutil. Seu herói sendo apenas humano, preso em suas decisões infinitas vezes, repetidas vezes, nas memorias, na mídia, no inquérito. E de novo. E novamente. Os pássaros. Os motores. O rio. No centro, esse homem, esse ator, Tom Hanks. E a calma. A confiança. Um pouco de orgulho.

Curioso como a narrativa nos envolve, primeiro numa robotização quase matemática. Na indução do erro, na possível falha (humana). Depois, na segunda parte, o incidente repassado como um filme clássico de aviões, seus clichês e personagens, tudo como sorte. Apenas sorte. Por fim, na audiência pública, aberta a caixa preta, confirmados os erros (de julgamento) e as decisões (ruins), um fator a mais é levado em conta. O trabalho de um ator. De um diretor. Da química (ou sincronia) entre eles. E nada mais é preciso. Então, deixamos a sala. Precisamos de uma pausa. Porque esse é o (mais forte) impacto. E é extraordinário.

RATING: 75/100

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